Nada me assusta mais do que...

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Nada me assusta mais do que as pessoas, em especial as mais jovens, acreditarem que segunda-feira é um dia ruim!

Em aula, essa semana, ouvi esse comentário, aparentemente inocente de um aluno, e acabei alterando o foco da aula para conversarmos sobre vida. E antes que o caro leitor ache que o tema não procede com marketing, afirmo, tem tudo a ver!

A coerência do tema com uma coluna semanal de marketing também vem do aspecto de que o marketing, independente de sua escolha profissional, tem muito a ver com o viver, porque é um laço, quase um nó, que o une a perspectiva de planejar, compreender o que lhe cerca, compele-nos a análise de cenários e possibilidades. E o que é felicidade senão o caminho que percorremos durante nossa vida?! 

Nos demais ângulos a correlação se mantém estreita, pertinente e inegável. Uma escolha profissional tem tudo a ver com sua vida, tudo a ver com a sua segunda-feira, sua felicidade e com toda a felicidade que se pode gerar ao seu redor. Tal escolha abrange o sentido do prazer e bem-estar que se pode ter em executar algo relevante. Relevância não é salvar a vida de alguém apenas, mas também do fazer bem feito, de fazer a diferença ao se fazer algo! E percebo cada vez mais a desesperança ou a descrença em tudo isso, em especial nos mais jovens. Nada me assusta mais do que isso!

Marketing é prover o que o entorno deseja, é compreender o tempo social e suas verdades temporais. A vida funciona assim, o mercado imita a vida!

A história de todos nós nada mais é do que o escrever e o reescrever de verdades. Verdades que herdamos, que criamos, que mudamos, que acreditamos. O homem já viveu acreditando que havia muitos deuses, que o mundo era plano, já acreditou que mulheres não podiam mostrar o joelho em público, acreditava há 130 anos atrás que os negros eram menos que os brancos, há setenta havia quem acreditasse que os judeus eram menos, e ainda hoje há quem pense que índios, gays, ou qualquer outra minoria ou alguém diferente de nós seja menos.

As verdades são vapores sociais, sujeitos a mudança constante. E a forma como vemos nossas verdades e como respeitamos as verdades diferentes dos outros determinará nossa capacidade de prover melhor e mais serviços, produtos, promover felicidade e transformação neste mundo onde há muito a ser feito, onde pouco talvez dependa de você. Mas acreditar que ele precisa mudar e que você não precisa mudar é um erro, e isso também me assusta muito, em especial quando você é um jovem.

É devastador tirar da realidade que quase tudo que acontece em nossas vidas depende de escolhas conscientes que tomamos ao longo dela, e que esta pode ser mudada, transformada, revisada em muitos momentos, em quase todos, em especial quando se é jovem. 

Vivemos um tempo de pouco diálogo e muita conversa. Pouca reflexão e muita repetição. Muito consumo e pouco insumo. Muita reclamação e pouca mudança. As escolas abandonaram a discussão prática e envolvente a respeito da filosofia, sociologia, antropologia e tantos aspectos que formam quem somos, quem não somos, quem podemos ser, e quem jamais deveríamos nos tornar foram abandonados, será que é mais uma função de marketing?

Acreditar que sua segunda-feira não pode ser boa é o passo para acreditar que seu casamento não pode ser bom, que sua vida não pode ser boa. Tudo são escolhas, e aprender a escolher é o maior aprendizado de uma vida, nunca uma prisão. 

O mercado, assim como a vida está cheia de opções, escolhas, no âmbito pessoal, profissional, mas o que são alternativas para quem não sabe escolher?

Nada me assusta mais do que um jovem que não gosta de segunda-feira, porque segunda também é dia de ser feliz. Se sua segunda não está boa, é hora de mudar, não reclamar. Se sua vida parece sem escolha, está na hora de olhar de uma forma diferente; antes de culpar o oculista, limpe seus olhos. Nada me assusta mais do que olhos sujos e lentes limpas. 


Roberto Mendes é publicitário, especialista em marketing pelo Instituto de

Administração e Gerência da PUC-Rio, pós-graduado em Engenharia Ambiental,

professor titular da Universidade Candido Mendes e sócio da Target Comunicação

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