Meio ambiente é um erro

quarta-feira, 04 de março de 2015

Muito se fala sobre proteger bichinhos e plantinhas, o "meio ambiente” cada vez mais ganha notoriedade e pessoas e empresas cada vez mais esbarram em permissões e relatórios ambientais. Que fique claro: é indispensável proteger bichinhos, plantinhas e sistemas ambientais, mas igualmente é indispensável proteger a vida e a economia, geradora de riqueza, saúde e educação, entre ela, a ambiental.

A visão ainda é de meio ambiente, ou seja, não se vê ainda o ambiente como um todo, que inclui numa mesma arca (tipo de Noé) bichos, plantas, pessoas, sistemas econômicos e a própria cultura, e é preciso tempo para alterá-la.

Todo grande projeto inclui hoje um Rima (Relatório de Impacto Ambiental), sempre focado no impacto sobre flora e fauna. Quase nunca o mesmo trata um severo e importante dano ambiental: o ser humano. Os projetos quase sempre são vítimas dos relatórios que pensam pouco em compensações e limitam o desenvolvimento sem considerar que pessoas empobrecidas e/ou famintas são um grande dano ao ambiente.

A visão de meio ambiente parece colocar em uma metade bichos e plantas e na outra metade as pessoas. É preciso uma visão mais holística, mais 360 graus, e compreender que perpetuar as espécies, e isso inclui micos, samambaias e pessoas, é o caminho, aliás o único caminho.

É fato que o planeta sem o homem é mais bonito, e o homem sem o planeta não é nada, então que fique claro que preservar é indispensável, mas desenvolver também é.

Temos em nosso município vizinho o Comperj, projeto que prometia grande desenvolvimento econômico e social, e trouxe uma legião de empreendedores, trabalhadores, sonhadores e oportunistas. Como um castelo de cartas, foi destruído e reinventado deixando à míngua muitas pessoas, projetos e sonhos, e literalmente deixando filhos, periferia e pobreza no rastro de seu nascimento e morte. Muitos que vieram com o sonho de enriquecer rondam a periferia sem dinheiro para voltar para casa ou abraçar novo sonho... Uma visão mais completa deveria tratar isso também. Temos micos protegidos e sonhos "micados”...

Grandes projetos não definem políticas para as pessoas. Ainda se pensa o meio ambiente, meio no sentido de metade, e não de modo. Os grandes projetos deveriam dar conta e exigências nos quesitos ligados, não somente ao saneamento básico, coleta de lixo, fauna e flora, mas também hospitais, escolas, distritos comerciais, habitação e planos de desenvolvimento social e econômico, exigindo inclusive lastros financeiros, evitando irresponsabilidades como essa do Comperj.

Durante a história de nossos ancestrais, a visão unilateral do homem causou imensa perda à fauna e flora, e agora a legislação visa corrigir todos os danos com leis fortes e necessárias, mas com o mesmo erro que conduziu o homem até hoje — a unilateralidade. Agora focada no meio ambiente frente ao desenvolvimento econômico. É preciso equilíbrio: o mercado não consegue se adaptar tão rapidamente a mudanças tão profundas e consumidores, empreendedores perdem consequentemente o meio ambiente também. É indispensável vermos tudo como um só ambiente: plantas, bichos, pessoas, mercados e cultura. Todos precisam ceder e encontrar harmonia. Não tem outro meio, não cabe mais meio. Agora é tudo ou nada!


Roberto Mendes é publicitário, especialista em marketing pelo Instituto de

Administração e Gerência da PUC/RJ, pós-graduado em Engenharia Ambiental,

professor titular da Universidade Candido Mendes e sócio da Target Comunica


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