Me arruma um emprego aí?

quarta-feira, 11 de março de 2015

O Brasil promete mais um pífio crescimento, bem abaixo da necessidade mínima capaz de manter o crescimento vegetativo da população, ou seja, o número total de brasileiros aumenta em ritmo superior ao crescimento do país (ano após ano) e isso leva ao consequente aumento do desemprego. Desde 2002 o governo mudou o índice de desemprego no país e só considera quem procura emprego como um desempregado, ignorando a legião de pessoas sem esperança ou vivendo de renda suplementar como bolsa qualquer coisa. 

A conta do problema é simples: a cada ano a população segue crescendo a taxas próximas a 2% e a economia flertando com zero por cento. 

O excesso de mão de obra altera as forças no mercado, assim cada vez mais a pressão sobre quarentões é maior, ou seja, a experiência é substituída por mão de obra mais barata e, por vezes, mais disposta. A pressão se agrava com a idade, cinquentões e sessentões sofrem ainda mais com isso, principalmente com leis trabalhistas que punem o emprego e oneram a contratação.

Dentro desta matriz familiar, pais sem emprego reduzem o horizonte de seus filhos, e isso sacrifica não apenas o hoje, mas o amanhã também. Numa estrutura onde filhos saem de casa cada vez mais tarde e avós são cada vez mais elos que sustentam famílias, a perda do emprego pune mais que uma geração.

Os modelos de negócios espremem cada vez mais os níveis hierárquicos nas empresas, obrigando os profissionais a alçarem novas funções sem níveis intermediários os quais ensinam e treinam. Este mesmo modelo segue também reduzindo a quantidade de pessoas. Assim, cada vez mais existem menos pessoas, que trabalham mais e ganham menos. Sem muitos níveis e sem muitas pessoas, quem está dentro cada vez mais corre o risco de estar fora, pois errar é cada vez menos aceitável e cada vez mais provável.

A redução do emprego e da renda traz alterações no mercado, desde o nível de poupança ao perfil de consumo. Tudo muda. Quem fabrica, vende, anuncia, presta serviço precisa cada vez mais estar atento às mudanças no comportamento do cliente, no seu modo de escolha, pagamento, local de entrega, etc.

A crise do emprego está só começando. Sem uma intervenção do governo federal, o dólar no curto prazo continuará subindo e isso irá ampliar o aumento de preços, e consequentemente reduzindo consumo; este se debruçará sobre o mercado e quando se vende menos, sabidamente, se emprega menos, e numa espiral viciada, quanto menos se emprega, menos se vende...

O emprego está entrando em crise. Entender isso significa que muitos consumidores estão e vão mudar seus hábitos de consumo, deixando para amanhã o que poderia comprar hoje, vislumbrando a possibilidade de riscos, e ao fazerem isso antecipam os problemas, e numa profecia autorrealizadora, o consumo cai, a inflação sobe e o emprego diminui. 

2015 será um ano diferente. Um ano que promete peneirar quem fica e quem sai, quem prospera e quem diminui. 2015 já começou, e seus problemas e oportunidades estão se apresentando. Enquanto não conhecemos toda sua complexidade, segue a sugestão: cuide do seu emprego. 


Roberto Mendes é publicitário, especialista em marketing pelo Instituto de

Administração e Gerência da PUC/RJ, pós-graduado em Engenharia Ambiental, 

professor titular da Universidade Candido Mendes e sócio da Target Comunica


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