Marketing para Nova Friburgo

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Há uma semana foi aniversário de nossa cidade e é preciso comemorar e melhorar, sempre.

O marketing está a serviço de marcas, produtos, serviços, também para políticos, celebridades, pessoas. O marketing está a serviço do bem e do mal, está a serviço, por que não, de cidades, e pode estar a serviço de Nova Friburgo.

Uma cidade recebe muitos olhares, e olhares quase sempre distintos. O olhar de um investidor difere de um turista, que difere de morador, mas todos eles flertam com diversas variáveis, que em seu conjunto determinará facilidades ou empecilhos para a divulgação, para construção de sua imagem, para a forma como será percebida e classificada, ou mesmo poderá ter um conjunto tão negativo que poda ganhar mídia espontânea sobre seus defeitos, mas, raramente sobre suas qualidades.

A mídia se alimenta de notícia ruim, porque essa gera conforto comparativo em quem a assiste, ou seja, diante de tanta notícia ruim, o telespectador comum consola-se com sua realidade e melhor, reverbera ambas as condições. Outra perspectiva é que a notícia boa pode e deve assumir o cunho pago, assim a mídia vende notícia ruim e recebe para divulgar a boa.

Entendido por que tanta notícia ruim, voltemos ao foco de como entender e atender os diversos olhares que a cidade pode receber.

Nova Friburgo precisa de foco. Definirmos as prioridades do olhar é trabalho primeiro: morador, turista, investidor, quem queremos? Deixamos nossa cidade se desgastar de tal forma que atender a tudo ao mesmo tempo não vai construir nada. Nossa imagem turística foi drasticamente abalada com pedras e lama há dois anos, ela que já não vinha bem. Nosso desenvolvimento econômico vem sendo atacado pelas limitações de logística, aliada a uma política de investimento estadual focado na capital e que soma-se a uma guerra fiscal de vizinhança, que vem levando recursos e estrutura embora.

Nossa cidade de moradia, tão combalida faz anos, ainda não se recuperou funcionalmente nem emocionalmente de janeiro retrasado.

Como um produto com públicos-alvo distintos precisa de uma personalidade que foque os valores que perpassam por todos esses olhares, precisa construir apelo que seja forte e comum a todos estes públicos e, não há dúvidas, precisa de uma mudança no como nos vemos e principalmente no como queremos ser vistos.

Tal conjunto de fatores, capaz de gerar mudança precisa, antes de mais nada, que o poder público exerça sua posição de gerador de parâmetros. Definir e fomentar o foco da cidade, incentivar o aparelhamento público e privado do turismo, tanto para turistas como para residentes. Integrar as pessoas ao espaço público é fundamental para a mudança de sentimento e senso de pertencimento, inclusão. Nossas estradas precisam assumir um papel funcional impecável ao desenvolvimento econômico e turístico. Reduzir o tempo de transporte, o custo de transporte, o risco de transporte, quer seja de cargas ou pessoas, cuidar para que assaltos ou multas sejam raros, tudo isso é fundamental para o correto desenvolvimento. O trânsito urbano precisa de muita atenção, ela gera custo significativo no impedimento de riqueza ou no retardamento da riqueza. O engarrafamento diminui a geração de negócio, gera desgaste para as pessoas e isso influencia na qualidade do trabalho e aprendizado, quer seja de ricos ou pobres, crianças ou adultos.

Claro que a solução é complexa, como diria o então doutorando de Stanford e cofundador do Google, Larry Page: ”Nós temos que ter um saudável desprezo pelo impossível”.

Estruturar um planejamento de marketing passa por diversos setores, níveis e governos, mas precisa se manter fiel a sua promessa e seus objetivos. A construção de uma imagem também parecia impossível a tantas outras marcas, produtos e cidades. Sem negar nossos 195 anos de existência, precisamos definir quais páginas serão escritas pelas novas gerações e que tipo de história queremos contar no futuro, se está estará ligada a um passado distante ou a um futuro vibrante.


Roberto Mendes é publicitário, especialista em marketing pelo Instituto de Administração e Gerência da PUC-Rio, pós-graduado em Engenharia Ambiental, professor titular da Universidade Candido Mendes e sócio da Target Comunicação


 


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