Marketing oportunista - 17 de fevereiro 2011

domingo, 31 de julho de 2011

Quem não se lembra quando, no mesmo dia 12 de janeiro, mas de 2007, em São Paulo, desabava uma grande estrutura próxima ao Rio Pinheiros, sob a responsabilidade das empreiteiras que faziam a ampliação da linha do metrô?

Naquela oportunidade, que matou sete pessoas e criou um grande transtorno e prejuízos a toda a região próxima, a Red Bull, vendo a presença maciça da mídia, mandou para lá três de suas melhores promotoras (melhor refere-se às medidas corporais, não aos dotes de promover algum produto) e, por dentro do cordão de isolamento, distribuíam o energético a cada policial, bombeiro e jornalista, em seus minúsculos, porém chamativos uniformes e com seus coolers totalmente identificados coma logo da empresa.

Nesta ocasião ficou marcante o oportunismo feio que algumas marcas têm. Se apropriar da dor e da perda de outros para aparecer nem de longe é bem aceito, embora seja algo tão natural a alguns (ou muitos) políticos, socialites e outros papagaios de pirata que perambulam por aí.

Já por aqui, não me lembro de ter visto latinhas de Red Bull entre os donativos, no formato: “Estamos doando, e não querendo aparecer”. Talvez no melhor estilo de que cachorro mordido por cobra tenha medo de barbante, a Red Bull voltou ao seu quintal de patrocinar suicidas em esportes radicais (é bem verdade que eu adoro os eventos patrocinados por eles).

Usufruir de oportunidades de mercado é necessário, mas ser ético, ter bom senso e respeito aos demais interesses é fundamental a operacionalidade da ação.

Onde há tragédia, há mídia, onde há mídia, há potencial de oportunidade, mas deduzir linearmente que onde há tragédia há oportunidades de aparecer pode transformar a marca em algo bem antipático.

Quando aconteceu o terremoto do Haiti, o McDonalds espalhou para toda mídia que parte do valor arrecadado com a venda de seu principal sanduíche seria destinada às vítimas da catástrofe. Ainda que vinculada a compra, a ação é bem mais simpática do que a ideia de chegar lá com caminhões envelopados com a marca ou de bombardear a região com hambúrgueres.

A promoção institucional vive disso, de relacionar a marca a eventos, a usufruir de momentos aonde não há um processo formal de vendas e cativar percepções e emoções do consumidor, criar laços mais próximos, mais afetivos, menos financeiros, mas o limiar para assumir o papel de vilão, aproveitador é muito tênue.

Assim quando algum especialista de marketing ou pior, pretenso especialista se aproximar com ideias suspeitas, consulte seu bom senso, e veja se não é o caso de colocá-lo (o especialista cabeção) para a doação, de preferência entregue na caixa de correio da concorrência.

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