Made in Xina

sábado, 31 de julho de 2010

Na cultura chinesa, boa parte deles tem um ‘nome’, um apelido em inglês, para permitir que outros, que não chineses, possam chamá-los, ao passo como tudo vai, muito em breve, nós é que teremos um nome chinês, afinal o mundo está virando chinês!

Para a gente ter uma noção melhor disso, basta pensar que se na China você fosse um em um milhão, existiriam mil e trezentos iguaizinhos a você. A China vai se tornar em breve o maior país de língua inglesa, ou seja, teremos mais chineses falando fluentemente o inglês que em qualquer outro país do mundo. E isso tem seu peso e seu valor.

Nesta perspectiva, é difícil hoje conseguir comprar algo livre do selo made in China, mas ainda mais difícil é se livrar do carma que isso trás!

Seja lá como você defina qualidade, mas necessariamente passa perto da ‘adequação ao uso’, alguns produtos chineses permanecem com qualidade duvidosa, e em sua maioria comprovadamente ruim.

Neste final de semana foi aniversário do meu filho, e uma enxurrada de presentes foi ganha, e em sua maioria presentes de marcas renomadas com licenciamento de personagens de desenhos TV, ou seja, produtos dos quais se espera qualidade e outros, tudo bem, com origem duvidosa de fato, mas boa parte da manhã após o aniversário, nas duas horas que se seguiram após a abertura dos presentes, foi gasta com pistola de cola, chave philips e muita didática para explicar a uma criança de seis anos que a péssima qualidade dos produtos não é culpa de quem compra (ao menos na maior parte dos casos), mas de quem fabrica e que não podemos distinguir facilmente, e raramente esperar, que tal inadequação ao uso possa ser vigente.

Quando foi que o mundo se tornou chinês? Quando todos decidiram, por mim, que eu prefiro preço baixo com qualidade ainda pior? Quando eu disse ao mercado que não me importa de onde vem um produto?

Assim como eu me sinto obrigado a comprar produtos de qualidade duvidosa, tantos outros consumidores se perguntam o mesmo e não conseguimos resolver mais isso. Somos obrigados a comprar produtos que desempregam no Brasil, que usam mão de obra mal paga e mal cuidada, e que enriquecem uma ditadura militar.

Estamos vivendo uma ditadura do made in China, e de outros países que sequer já se ouviu falar. E onde quer que você vá é difícil conseguir comprar algo feito lá! O souvenir do Corcovado, da Times Square e da Torre Eifel, são fabricados na China.

Enquanto as coisas permanecerem deste jeito, o melhor a fazer é no próximo aniversario de criança, dê de presente uma pistola de cola, e um jogo de chaves philips pequenas, e dependendo da idade do pai, um óculos para perto, por pouco eu não deixo de consertar (risos)!

PS.: Ah, antes que alguém ache que o título fora um erro, foi só uma provocação!

“Roberto Mendes é publicitário, especialista em marketing pelo Instituto de Administração e Gerência da PUC/RJ, professor titular da Universidade Candido Mendes e sócio da Target Comunicação.”

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