Impermanência - 11 de agosto 2011

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

No budismo, um valioso ensinamento é a compreensão da impermanência e seus reflexos. Como diria Lulu Santos: “Tudo muda, o tempo todo, no mundo”.

Em pleno exercício budista em um templo, no último final de semana, enquanto orbitava entre a meditação e os ensinamentos, não pude deixar de pensar em consumidores, tecnologia, concorrentes, fornecedores e colaboradores.

A cada novo ensinamento ou comentário, nova certeza de que Buda, se tivesse nascido hoje, seria um grande gestor de negócios, além de um iluminado.

Na ótica budista, a temporalidade diz que a constante é a mudança, e os últimos cem anos de mercado fez essa máxima ganhar velocidade assombrosa e respaldar que apostar suas ações futuras nas ações e métodos do passado é um risco muito alto a se correr. Esqueçam o lema que diz que time que está ganhando não se mexe, pois se corre o sério risco de perder se não se adequar frente às mudanças que acontecem ao seu redor, e que campeão mesmo é apenas aquele que consegue se antecipar e se preparar para tais mudanças.

Além da temporalidade ou impermanência, o budismo prega o desprendimento onde devemos viver e utilizar o que há neste mundo para nós, mas sem se apegar, e este parece ser o comportamento do consumidor junto a seus fornecedores e marcas. A simplicidade com a qual há a migração para a concorrência deve ser combatida com boas ferramentas de gestão que permitam soluções adequadas ao preço, à distribuição, ao produto ou serviço em si e ao mix promocional. Evitar a volatilidade do consumidor pode ser a diferença entre paraíso e inferno para sua empresa.

A saga da insatisfação e consequente sofrimento também reinam no mercado. Assim como a ótica budista prega que o sofrimento se origina numa constante insatisfação, os comportamentos errantes de consumo, que ajudam e muito a roda a girar, estão baseados em uma insatisfação que por vezes não surge da desqualificação do produto ou do serviço, mas do próprio consumidor consigo mesmo, já que por muitas vezes vemos o consumo como solução para problemas pessoais e de autoestima. Mas em tantas outras situações o sofrimento nasce da ausência de estrutura do prestador de serviço, da incapacidade que o produto tem de cumprir a promessa de venda, do descaso do atendimento e outras mazelas já conversadas no passado.

Parece que o autoconhecimento e o conhecimento de seu irmão consumidor são o caminho da luz para a perpetuação da marca e da colheita do lucro. Ao que parecem os cinco pontos vitais a serem cuidados, como sugerido acima, são os consumidores, a tecnologia, os concorrentes, os fornecedores e os colaboradores. Os consumidores pagam a conta, fomentam o negócio e podem lhe defender em momentos difíceis. A tecnologia é tudo que é mudado por seus consumidores e que faz seus consumidores mudarem; é seu método de gestão, alterações na exposição do produto e entrega, é a maneira mais rápida e barata de fazer, novos valores como ambiental e social, e tantas outras mudanças no nosso dia a dia. Concorrentes estão sempre inovando, sempre nascendo e morrendo e a cada novo entrante ou a cada um que cambaleia saindo, ofertam produtos e serviços em formatos e preços difíceis de combater. Fornecedores são atores importantes no seu sucesso, quem compra mal, vai vender mal, assim, contar com bons fornecedores é determinante no sucesso de seu negócio, e por fim, não menos importante, seus colaboradores. Formar equipes capazes de se comprometer com sua empresa, clientes, valores e metas é também crucial ao equilíbrio, que não espiritual, ao menos financeiro, de seu negócio.

A todos muita luz e ótimos negócios.

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