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Geração Y - 21 de julho 2011
Muito se fala da difícil relação que se estabelece hoje no mercado de trabalho com jovens que chegam com muita pressa, com uma superavaliação de si mesmo e certos de que sabem mais, merecem mais e querem mais.
A geração X começa a ceder espaço aos Y. Como dizia meu pai, pretensão e água benta cada um usa quanto quer — e parece que boa parte dos Y foram afogados em bacias de água benta quando crianças e tem de si hoje um ego que não se encerra em si mesmo.
Jovens criados por pais que trabalhavam em horário integral, que tinham pouco tempo e muita culpa, criaram uma geração movida a recompensas e poucas conquistas. Acostumados a serem constantemente bajulados ao fazer o certo, e educados na lógica de que cumprir obrigações merecia uma massagem no ego, essa geração chega agora ao mercado de trabalho e tropeça nas regras mais frias, distantes e eloquentes de mercado: resultado.
Acostumados com o frenesi dos videogames, com recompensas a cada cinco cliques e uma nova fase a cada cinco minutos, com vidas extras, cenários previsíveis e principalmente, botão de undo, que permite desfazer qualquer burrada, o reality game do mercado de trabalho não anda permitindo boa prosperidade para os jogadores tão acostumados a vitórias rápidas.
Enquanto o mercado não se encaixa entre demanda e oferta de colaboradores, segue um hiato e muitas dúvidas; será que as próximas gerações seguirão neste ritmo? Será que enquanto consumidores tais colaboradores são tão superficiais e descomprometidos? Qual avaliação que antigos consumidores fazem dos novos prestadores de serviço? Será que os pais destes novos entrantes no mercado de trabalho os contratariam?
A avaliação do serviço é feita pelo consumidor, não pelo gestor do serviço e muito menos pelo executor. Os Y parecem se bastar dentro de si, precedendo de qualquer avaliação, subvertendo a ordem do mercado e gerando grande dissonância na satisfação do serviço realizado versus serviço percebido e deixando consumidor e gestor bastante frustrados.
A construção de carreira, nome profissional, progresso técnico até hoje foi escrito com persistência e consistência, e é clara a queda destes valores, e que venha a queda, mas quais vão ocupar nesta nova era? O rock nacional sucumbiu ao funk, será que vai ser assim também no mercado de trabalho? Um u-tererê nas cadeiras e balcões do mercado?!
Enquanto muitas respostas não são respondidas, é melhor que você enquanto consumidor se adapte ao que está lhe sendo entregue, pois seu prestador de serviço, hoje, parece ter mais clientes à disposição do que gente para lhe entregar o serviço, e se você apertar muito, ele fica com a equipe X que lhe sobrou.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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