Geração Y - 21 de julho 2011

domingo, 31 de julho de 2011

Muito se fala da difícil relação que se estabelece hoje no mercado de trabalho com jovens que chegam com muita pressa, com uma superavaliação de si mesmo e certos de que sabem mais, merecem mais e querem mais.

A geração X começa a ceder espaço aos Y. Como dizia meu pai, pretensão e água benta cada um usa quanto quer — e parece que boa parte dos Y foram afogados em bacias de água benta quando crianças e tem de si hoje um ego que não se encerra em si mesmo.

Jovens criados por pais que trabalhavam em horário integral, que tinham pouco tempo e muita culpa, criaram uma geração movida a recompensas e poucas conquistas. Acostumados a serem constantemente bajulados ao fazer o certo, e educados na lógica de que cumprir obrigações merecia uma massagem no ego, essa geração chega agora ao mercado de trabalho e tropeça nas regras mais frias, distantes e eloquentes de mercado: resultado.

Acostumados com o frenesi dos videogames, com recompensas a cada cinco cliques e uma nova fase a cada cinco minutos, com vidas extras, cenários previsíveis e principalmente, botão de undo, que permite desfazer qualquer burrada, o reality game do mercado de trabalho não anda permitindo boa prosperidade para os jogadores tão acostumados a vitórias rápidas.

Enquanto o mercado não se encaixa entre demanda e oferta de colaboradores, segue um hiato e muitas dúvidas; será que as próximas gerações seguirão neste ritmo? Será que enquanto consumidores tais colaboradores são tão superficiais e descomprometidos? Qual avaliação que antigos consumidores fazem dos novos prestadores de serviço? Será que os pais destes novos entrantes no mercado de trabalho os contratariam?

A avaliação do serviço é feita pelo consumidor, não pelo gestor do serviço e muito menos pelo executor. Os Y parecem se bastar dentro de si, precedendo de qualquer avaliação, subvertendo a ordem do mercado e gerando grande dissonância na satisfação do serviço realizado versus serviço percebido e deixando consumidor e gestor bastante frustrados.

A construção de carreira, nome profissional, progresso técnico até hoje foi escrito com persistência e consistência, e é clara a queda destes valores, e que venha a queda, mas quais vão ocupar nesta nova era? O rock nacional sucumbiu ao funk, será que vai ser assim também no mercado de trabalho? Um u-tererê nas cadeiras e balcões do mercado?!

Enquanto muitas respostas não são respondidas, é melhor que você enquanto consumidor se adapte ao que está lhe sendo entregue, pois seu prestador de serviço, hoje, parece ter mais clientes à disposição do que gente para lhe entregar o serviço, e se você apertar muito, ele fica com a equipe X que lhe sobrou.

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