Foco no problema

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Uma das coisas mais reincidentes em gestão é o foco no problema. As empresas, processos, pessoas, todos observam os problemas, ajustam-se aos problemas, prendem-se aos problemas, dedicam-se tanto aos problemas que não raramente negligenciam as soluções.

A natureza sutil de mudança de foco é bem menos discreta quando se torna prática. Abandonar círculos viciosos e trabalha-se para círculos virtuosos é bem mais resolutivo. Abandona-se o medo de errar e almeja-se o triunfo de acertar.

As empresas acreditam que a psicologia de negócio transcende de forma muito distinta da psicologia humana, mas, em especial, nas pequenas e microempresas a gestão é quase sempre feita por um indivíduo, sozinho, com muitos medos, dúvidas e inseguranças naturais de quem têm riscos certos e resultados quase sempre duvidosos.

A perspectiva de errar assusta, paralisa e penaliza o pequeno negócio mais que qualquer outro. O passado cobra em seu êxito ou em seu fracasso a manutenção do status quo. Seu grau de reciclagem é mínimo; assim comportamentos se viciam, mais, se institucionalizam e impede a mudança necessária em função das novas possibilidades do mercado, do cliente, do concorrente, do mundo.

A falência de um negócio é algo muito traumático e deve ser visto com temor e com dor. Afinal, quase sempre há um propósito, uma família, a economia de uma vida, sonhos, um casamento, tudo exposto no rompimento de um negócio. Assim o cerrar de portas não pode ser visto com naturalidade, mas com contrariedade, e todo esforço possível realizado no sentido de evitar, e acredite, o foco na solução é muito mais eficiente que o repetitivo foco no erro ou problema.

Na perspectiva assertiva, e não corretiva, o passado assume um papel mais brando, mas suave de ensinar, mostrar caminhos, não mais verdades, porque o consumidor mudou, mudou sua maneira e velocidade de mudança, mudou seu tempo e espaço para mudança, a tecnologia e disponibilidade de informação trouxe especialistas e concorrentes em profusão, então, ficar chorando sobre um erro do passado ou agarrado a um acerto dele não é mais garantia de absolutamente nada. Outro olhar que cabe, é o humano, ou seja, permanecer com o olhar no passado, tira-nos a chance de viver o agora e vislumbrar meios de alcançar o amanhã.

Pensar na satisfação de alcançar determinados objetivos é um alicerce bem mais sólido do que dedicar-se ao limite imposto pelos problemas do percurso. Visualizar a conquista é muito mais motivador do que os obstáculos, vencer é bem mais positivo do que as dificuldades de vencer.

Quando nos programamos para conquistar, vencer, alcançar, nutre-se o corpo e o espírito de motivo, propósito, forças, persistência, planejamento, determinação e informação para isso, enquanto o foco no problema respiramos dificuldades, desistência, justificativas e cansaço.

O passado é aprendizado, o futuro possibilidade e o presente pura oportunidade de se reescrever tudo melhor e de uma nova forma. Prender-se aos problemas e medos é acorrentar seu negócio e sua alma, é morrer um pouco a cada dia. Como diz Sarah Westphal, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu! Foco na solução, no futuro, no melhor, essa é a única jornada que vale a pena percorrer!

 

Roberto Mendes é publicitário, especialista em marketing pelo Instituto de Administração e

Gerência da PUC-Rio, pós-graduado em Engenharia Ambiental, professor titular da

Universidade Candido Mendes e sócio da Target Comunicação

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