Colunas
Feriado é bom
O empresariado em geral reclama muito dos feriados, e eu me incluo! Prazos, contas que nunca tiram férias, que jamais ficam doentes e sempre vem consumir as reservas que não são criadas via décimo terceiro, e inevitavelmente, vencem, existam os feriados ou não.
Seja a empresa um varejo, indústria ou prestadora de serviços, as contas, os prazos e os custos atuam igualmente e pressionam, é verdade, o tempo, fazendo a folinha do calendário virar rápido, mas a pergunta é: o mesmo feriado que atrapalha, será que não ajuda?
Feriados prejudicam linhas de montagens, atrapalham indiscriminadamente o andamento de pedidos e encomendas e tiram o ritmo da equipe, que demora a mergulhar no dia a dia da empresa no retorno, mas e para o consumo, feriados não são uma salvação?
Quantas cervejas são vendidas pela indústria que tem sua linha de produção interrompida, graças ao feriado? Quantos empregos diretos o turismo e lazer não geram e prosperam graças aos feriados? Quanto de ânimo e renovação não traz um feriado às pessoas?
O comércio vende muito nos dias dos feriados imprensados, tal consumo realimenta as indústrias, mas e os prestadores de serviço?
Estes têm talvez seu grande problema, considerando sua impossibilidade de estocagem, independente de sinergia ou não com a data. Ou seja, feriados ou cessam ou inundam o prestador de serviço, e isso é sempre um problema. Sincronizar demanda sem poder fazer estoque, é um verdadeiro inferno astral.
No mundo mais evoluído, Europa, a tendência é de redução da jornada de trabalho, para que as pessoas possam, entre outras coisas, consumir. Afinal, gastar dinheiro, além do próprio capital exige tempo.
O mercado não se cansa de inventar datas, criar feriados e datas festivas, para engrossar o tão famoso e fundamental calendário promocional; aquele que faz a gente sentir que não pode deixar de estar, presentear ou lembrar em uma determinada data fabricada, e que não coincidentemente arranjou todas essas datas na primeira quinzena de cada mês, e a que escapuliu, aqui no Brasil, arrumaram, para garantir uma boa performance de vendas, o décimo terceiro.
Falando em terceiro, nós deste terceiro mundo, deveríamos trabalhar mais, para gerar riquezas, guardá-las, de forma a possibilitar a poupança e o autofinanciamento, mas sabemos bem que no país do carnaval, isso é pouco provável; que venham os feriados então!
A indústria da gastança, associada à demagogia política parece ser uma associação bem funcional ao descanso, à farra e ao consumo do supérfluo, em especial.
Já que não há possibilidade de evitá-los o melhor é tirar o maior proveito possível do mercado, aproximando clientes, reforçando a marca e distribuindo a demanda, temos que potencializar os feriados em oportunidades de vendas, quer seja vendendo o que não se venderia sem ele, ou antecipando demandas, e claro, arrumando um jeito de descansar também.
Roberto Mendes é publicitário, especialista em marketing pelo Instituto de Administração e Gerência da PUC/RJ, professor titular da Universidade Candido Mendes e sócio da Target Comunicação.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
Deixe o seu comentário