Empadinha cansada

quinta-feira, 08 de novembro de 2012

Fim de tarde, aquele ronca-ronca no estômago, uma lojinha com mesinha, pensei: é ali mesmo... nunca havia ido, eis a chance de conhecer, relaxar 5 minutos e comer uma empadinha naquela rua tranquila. Loja vazia pode ser uma oportunidade, não necessariamente um problema, ainda pensei. Entrei, cumprimentei o funcionário sentado a uma das mesas, ao outro que estava atrás do balcão, fitei a geladeira ao lado para ver o que beberíamos e olhamos o tempo passar. Dois minutos após levantamos e saímos da loja, onde o funcionário sentado permanecia sentado e o colega ainda mais cansado petrificado atrás do balcão imobilizado ficou. Ainda os olhei para entender o ocorrido, mas nada aconteceu. Lógico não argumento mais... contra o óbvio nada se pode fazer, pelo visto as empadas são comidas por eles mesmos ao final do dia—cota de sacrifício! 
Na sequência sentei à mesa da loja ao lado, onde prontamente uma funcionária veio e nos atendeu perfeitamente, no caixa, ao sair, outro sorriso e outro tratamento adequado.  O que entender disso?!  Mesma rua, mesmo ramo, tamanha diferença... Às vezes acho que eu deveria colocar uma túnica, um chapéu bem convincente e passar-me por adivinho... predizer o futuro destas lojas... o magoooooooo. 
Não é preciso consultar nenhum oráculo para saber que uma empada vai muito além de sua massa e seu recheio. Uma boa empada passa por atendimento adequado, ambiente convidativo, preço justo etc. e a noção de justo é diretamente proporcional aos demais itens, ou seja, quanto pior seu serviço, mais barato precisa ser seu preço, quanto pior seu ambiente, menor terá que ser o preço, e nesta lógica, se a experiência de consumo for tão ruim, nem distribuindo empada haverá cliente adequado, é o ápice de um mal negócio, a chamada demanda negativa, onde o cliente topa pagar mais no concorrente, ir mais longe, deixar de consumir, para não ter que acessar a loja, marca ou serviço em questão de tão negativa que é a sua percepção.
Pessoas ruins ao serviço são comuns, mas a perseverança na busca da pessoa adequada deve ser muito mais forte. Qualquer negócio que não funcione bem tem sempre um único responsável, o dono, e quer seja por indiferença ou por vingança o consumidor irá sempre responder ao estimulo gerado pelo atendimento, e se a concorrência for longe, pode ser que leve tempo para isso se concretizar, mas se ela estiver na porta ao lado, rapidamente o futuro se concretizará e a empada dos cansados será produzida pela última vez.

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