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É promoção... - 9 de dezembro.
Estamos na época mais promocional do ano. Alta pressão de compra gera alta pressão em atrair os pré-dispostos consumidores. E nada mais tentador que promoção!
Tem pra todo gosto, pra todo bolso, para todo senso, mas o que todas têm em comum é o fato de que quase sempre o que se esconde são ofertas plenamente adiáveis ou muitas vezes nem tão boas assim.
Vender a R$ 39,90 na promoção, pode ser melhor que a R$ 38,00. Melhor para o lojista que amplia seu preço em 5% e sua margem em 10% a 20%, e bom pro consumidor que dá a si o álibi de aproveitar a promoção por trinta e poucos reais. Armadilhas do consumo! Para quem quer comprar, R$ 39,90 são “trinta e poucos”, “quase trinta”.
O que dizer do sem juros? É perfeito! Temos a receita mágica para o sucesso do consumo, enquanto todas as economias do mundo pregam a poupança, para depois vir o consumo, aqui oneramos o próprio consumo com o financiamento indiscriminado de bens a prazos de perder de vista – ou seria melhor dizer “perder de juros”? Onera-se o consumo, pois, em vez de, no prazo de 24 meses, comprarmos duas geladeiras, compramos apenas uma e a outra vai na forma de juros embutidos, para os agentes financiadores, tirando dinheiro da indústria, do comércio, do emprego etc. Acreditamos ser viável financiar sem pagar nada pelo empréstimo do capital, justo aqui, aonde o juros do cheque especial ronda a casa dos dois dígitos ao mês!
CÉ-RE-BRO! Sempre o cérebro dando desculpas para nós!
Grátis, outra palavra de efeito hipnótico... e é mero detalhe que para ganhar você tenha que comprar... Encaramos como um sorteio em que a gente sempre ganha, e é delicioso ganhar. Afinal, na 3ª série, nas olimpíadas da escola, se não fosse pelo gordinho, o time tinha ganhado. Esse grátis, então, é pra vingar o gordinho... que seja! Agora eu ganhei!
Brindes! Uau... ganhar um brinde! Pleonasmos a parte, ainda vem escrito: “ganhe grátis esse brinde!”. Uma destruição da língua portuguesa, mas um festival de dopamina no cérebro! O brinde é aquele amigo das horas difíceis, capaz de fazer de nós, até então consumidores normais, pessoas totalmente especiais!
É promoção, é promoção, é promoção... o mantra repetido no tom certo é o gatilho do consumo; suas estratégias, um silenciador na culpa; seus resultados, um narcótico na obviedade das prateleiras, e quem nunca tiver cometido o pecado da gula comercial que atire a primeira caixa vazia.
Consumir não é divino, é humano, e isso que faz ser tão facilmente compreendido e desejado por nós. Já que estamos no período mais apropriado para isso, que venham as promoções e que elas tenham pena de nosso orçamento, sempre menor que sua capacidade de sedução...
Desde já, ótimas compras. E vai de graça o conselho como brinde promocional, sem juros e sem entrada: o que quer que compre, lembre-se que terá que pagar depois...
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