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E-problemas
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
Essa semana tive, mais uma vez, o prazer de participar de um entrevista na Rede Intertv Serramar — o tema desta vez: e-commerce. Na linha editorial as perguntas passavam próximas às dúvidas e ilusões naturais de que a internet é uma terra de oportunidades e prosperidade, e a confusa sensação de que migrar do negócio físico para o virtual ou o inverso é um processo óbvio e simples. As crenças gerais são meias-verdades, e onde há meias-verdades, há meios-erros, e aí o risco sobe absurdamente.
A máxima que diz que sua loja virtual funciona 24h por dia sem que você precise estar lá é fato, mas funcionar é bem diferente de vender! Só duas coisas prosperam sem que necessite que fiquemos por perto: problemas e mato. Nos negócios, sejam eles virtuais ou reais, exige-se zelo, investimento e conhecimento.
A internet, no aspecto de e-commerce, é um aglomerado de lojas sem números, sem endereços, sem iluminação, todas nos fundos de ruas sem saída, e achá-las é o primeiro desafio. Investimento em comunicação tradicional e na própria internet é um caminho aceitável e funcional, mas se engana quem não estuda S.E.O. que dá sintonia do site aos preceitos dos algoritmos do deus Google, principal buscador.
Obtido algum sucesso em ser localizado no caos da internet surge a etapa seguinte: ser atraente e funcional. Ter um mecanismo seguro, prático, lógico, rápido que permita navegabilidade e portabilidade, sites responsivos capazes de adaptarem-se automaticamente aos diversos devices (celulares, nets, notes, tablets etc.) são obrigatórios nos dias de hoje.
Tornar-se evidente, relevante, ser atraente são passos iniciais, agora é preciso ser competitivo, preço, entrega, informação. Seu cliente virtual sofre de temores reais, seu internauta é de carne e osso, dúvidas e ansiedades, é preciso confortá-lo, tranquilizá-lo que sua loja é capaz de fornecer todos os pré-requisitos estipulados pelo comprador e não disponíveis em outra loja.
O que dizer de confiança? Confiança do pagamento, da entrega, do tratamento de dúvidas, trocas, problemas. Tornar-se confiável é outra difícil fronteira a ser vencida numa terra sem rostos, sem capacidade clara de controle por parte do consumidor. O tratamento de quaisquer necessidades especiais pela loja virtual a seu consumidor real, é condição sine qua non.
Sites que levam o consumidor para fora do ambiente para realização de pagamento amargam perdas de 40% em desistências de compra, pois geram imensas dúvidas no preparo deste de gerar negócios e cumprir promessas.
Como se vê consumidores virtuais não são robôs, não são máquinas, que procuram apenas preço, tampouco são aventureiros que se jogam aos bytes aceitando qualquer resultado. Assim o perfil de quem vende não pode ser tão diferente de quem administra um negócio físico, pois o consumidor continua sendo real e suas dúvidas e angústias também.
A internet tem um mundo de oportunidades e um mundo de peculiaridades que não podem ser negligenciadas por quem desenvolve soluções, por quem as utiliza para vender ou para comprar.
Roberto Mendes é publicitário, especialista em marketing pelo Instituto de
Administração e Gerência da PUC-Rio, pós-graduado em Engenharia Ambiental,
professor titular da Universidade Candido Mendes e sócio da Target Comunicação
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