Colunas
De grátis, até ônibus errado!
Me perdoem pelo erro deliberado acima, mas mais do que apelar para a grafia errada, estou imbuído de retratar a linguagem popular.
Eu sempre digo que de graça não existe. Quando falamos em ‘de graça’ estamos sempre sendo levados a algum tipo de situação em que há, no mínimo, letras minúsculas que condicionam. Por vezes há mesmo um golpe, trapaça ou até, com nossa total conivência, uma mentira que não queremos descobrir para que o sonho não se acabe.
Pois bem, São Paulo hoje tem a primeira loja grátis do Brasil. Isso mesmo, uma loja onde você entra, escolhe, leva para casa e não paga nada mais, exceto um valor de associação ao benefício.
Filantropia? Golpe? Lavagem de dinheiro!? Não... Marketing do mal?! Também não! É marketing do bem, bem de bem feito, de bem barato, de bem funcional.
Surgida há três anos no Japão, a novidade desembarcou no Brasil seguindo a tendência mundial de conhecer cuidadosamente o que o consumidor quer e obter seus pareceres, opiniões, feedbacks.
A única obrigação para permanecer fazendo parte do seleto clube é o preenchimento de uma pesquisa via internet com questões acerca do produto consumido, e através de tal amostragem as empresas parceiras podem corrigir, alterar, ou expandir suas políticas de distribuição, desenvolvimento de produtos ou lançamento de versões etc.
De posse de consumidores já mapeados, já ‘criterizados’ (consumidores com perfil já feito no momento do cadastramento à loja, sabe-se classe social, renda, idade, sexo, conforme critério ABA/ABIPEME) as respostas atendem às bases estatísticas e fornece às empresas detalhamento de comportamento de compras e de decisão de escolha.
As empresas parceiras fornecem seus produtos determinando as especificações de consumo ou não, ou seja, pode-se já fazer o teste dentro de uma determinada classe social ou mesmo deixar aberto para após a pesquisa se descobri qual é o verdadeiro consumidor. A amostragem feita na loja é de no mínimo trezentos consumidores e o índice de resposta supera os 80%.
As lojas no exterior contam também com circuitos fechados de TV, e fornecem as imagens às empresas parceiras para que estas possam analisar os comportamentos do consumidor. Tudo é informação, seu frisson, o que olham, se leem rótulos, se comentam com outros e por aí vai.
A pesquisa sempre foi um meio barato de conhecer o especialista, aquele cara que decide quem vence, quem morre, quem triunfa e quem margeia o mercado; o tal do consumidor, também por vezes conhecido como ‘o malinha’.
Adentrar o mercado sem ouvir o consumidor não é a política mais segura, nem mais barata, pesquisar é muito mais prudente, pois a única coisa que realmente é de graça no mundo é errar, pois acertar sempre vai requerer investimentos, de tempo e dinheiro.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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