Classe C e você, tudo a ver! - 9 de junho 2011

domingo, 31 de julho de 2011

A entrada de uma legião de consumidores, mais afortunados, está mudando o mercado. A nova Classe C, formada por consumidores ávidos por consumo e deslumbrados com a escolha e seus desdobramentos no comprar, está impactando no perfil de tudo no mercado.

Vitrines direcionadas, produtos específicos, formas de pagamento adequadas, serviços novos, enfim, uma grande cesta de possibilidades se instala e a mídia se altera no mesmo ritmo.

A Rede Globo de Televisão, referência mundial de teledramaturgia e telejornalismo, se rende ao poder desta classe e vem alterando toda a sua grade. Novos programas, novo contexto, nova linguagem.

A ideia é que a nova classe C se identifique na tela do Plim-Plim e com isso fixe mais audiência e preserve a liderança que a emissora detém no mercado.

Apesar da fatia de 80% da população permanecer entre as classes C, D e E, a quantidade de classe C cresceu muito, migrando das classes E, que é praticamente alheia ao consumo, e da classe D, que consume poucos itens além dos de sobrevivência. Tal migração para a classe C aquece demasiadamente a economia, em especial quando entra, pois carrega um enorme déficit de consumo, através de sua enorme demanda latente.

Alterações também nos finais de semana. A massa dos 80% ficava em casa nos finais de semana porque não havia folga de caixa nem opções para gastar, mas com o inchaço da classe C, os finais de semana apresentam queda sistêmica de audiência na TV, quer seja pela possibilidade dos novos consumidores investirem em lazer, como também a própria transformação do lazer com opções que atendem ao gosto, ao acesso e ao bolso desta classe.

O panorama da mídia vem mudando junto com a população, sempre nervoso; este setor antecipa ou no mínimo caminha junto com cada alteração do mercado. A classe C apresenta enorme participação de jovens, e a acessibilidade caminhando ao passo atual, a internet compreenderá em dez anos a segunda maior fatia de mídia do país, deixando para trás mídias tradicionais, como jornal, rádio e outdoor, mas sem roubar a liderança da TV aberta.

Ao que tudo indica, os horários de massa serão controlados pela massa, cada vez mais. O grupo de maior relevância de consumo será o alfa dominante que ditará o conteúdo, a forma e a essência da mensagem. As classes na extremidade superior da pirâmide terão de recorrer às mídias direcionadas e pagas, e a base permanecerá, ao que tudo indica, à margem da comunicação e de parte significativa do mercado publicitário, pois não interessa ainda ao consumo.

Como todos sabemos, a conta ainda é paga pelo mercado publicitário que, diga-se de passagem, só faz crescer no Brasil. Comunicar é cada vez mais vital, pois os produtos caminham para predicados de commodities e investir em diferenciais é cada vez mais necessário, quer seja preço, qualidade, atributos personalizados ou personificados, e ainda é e, ao que tudo indica, será da TV o papel de informar a massa o que, onde e quando comprar.

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