Cadastrar para quê!?

sábado, 31 de julho de 2010

Já faz tempo as ferramentas de cadastro existem de forma acessível, tanto financeiramente como do ponto de vista de uso, manipulação, mas sua eficiência ainda é pouco aproveitada e raramente desdobrada em ações de incontestável eficiência.

O uso de bancos de dados que aprendam com seus clientes parece hoje privilégio exclusivo das operadoras de cartões de crédito que, por dor e não por filosofia, conhecem como ninguém seus clientes. Desvio de comportamento no consumo, que se afastem do padrão, gera imediatamente um alerta capaz de detectar fraudes, comportamentos como comprar um produto eletrônico, abastecer em um posto de combustível diferente, ou pagar à vista uma compra que tradicionalmente pagaria parcelado são hoje imediatamente interpretado como cartões clonados e carecem de uma observação bem próxima.

É fato que as operadoras de cartões de crédito estão bem acima da média e contam com sistemas bem sofisticados, mas nas lojas que frequentamos faz tempo, nosso cadastro está a serviço da proteção ao crédito e não passa nem perto de um uso capaz de gerar aproximação entre ofertas da loja e nosso gosto ou entre políticas promocionais e os padrões que mais nos interessaram, baseados nas últimas experiências nesta mesma loja.

Assim, vamos existindo, só e somente só, se somos compradores parcelados e exclusivamente para controle de calote. Em outros casos preenchemos os mesmos intermináveis cadastros e simplesmente ele não é usado ou, pior, usado de forma indiscriminada, atolando nosso e-mail, caixa de correspondência ou fazendo soar nosso telefone para as ofertas e situações mais absurdas e distantes de nossas preferências.

O cadastro está longe de ser mesmo usado de forma útil. Nada mais idiota que pedir para colocar o endereço atrás de um cheque, pois se este for sem fundos, o proprietário não pretende mesmo ser encontrado. E se tiver fundos é absolutamente redundante. Em outros casos solicitam inúmeros dados, como RG e CPF e simplesmente não há conferência nem uso, e eu sigo perguntando: pra quê? Por quê?

É assustador como uma ferramenta de relacionamento tem sido usada como perturbação, invasão de privacidade e de ode à burocracia, gastando tempo do consumidor, entulhando sistemas de informática e sem nenhuma reversão de beneficio a clientes e empresas.

No próximo cadastro que for solicitar ou preencher, pergunte a você mesmo ou a quem lhe pede ao menos uma boa razão para isso, e verifique se é minimamente convincente e se ao menos dez por cento do potencial das informações solicitadas poderá ser usada para o bem, em caso negativo, cancele o cadastro ou solicite um especialista que ajude a criar relacionamento com seu cliente, otimizando eficiência de vendas e reforço de imagem de sua empresa com seus clientes.

“Roberto Mendes é publicitário, especialista em marketing pelo Instituto de Administração e Gerência da PUC/RJ, professor titular da Universidade Candido Mendes e sócio da Target Comunicação.”

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