Amarre suas botas!

quinta-feira, 04 de junho de 2015

Diz a lenda que um economista e um especialista em marketing andavam pela floresta e se depararam com um terrível urso pardo. Faminto com seus 2,4 metros, garras enormes, cara de poucos amigos e muita, muita fome.

O economista, achando que entendia de tudo, começou a falar:

— Não temos chances. Ele é mais veloz do que nós, mais forte do que nós, mais feroz do que nós...

Enquanto o economista iniciava sua ode ao fim dos tempos, o especialista em marketing agachou-se e começou a amarrar suas botas, e o economista continuou:

— Um urso pode alcançar 48 km/h por mais de 400 metros e um velocista na sua melhor forma chega aos 44 km/h por apenas 20 metros. Você acha que tem chances contra esse urso? Ele vai despedaçá-lo!

O especialista em marketing, muito calmamente, ergueu-se, fitou o economista nos olhos e disse em tom calmo e confiante:

— Não preciso correr mais que o urso, basta eu correr mais do que você! 
E partiu... Desde então não se teve mais notícias do economista, e em defesa do urso, ele passa bem apesar disso! Um perfeito final feliz!

Há um urso à solta! Um urso feio, traiçoeiro, provavelmente de nome Dilma. Economistas, pessimistas, e toda uma leva de especialistas em crises acreditam que é o fim dos tempos, apregoam que seu cliente vai sumir e sua empresa vai quebrar, mas asseguro que cada um que não mover-se para longe deste urso, o quanto antes, será o próximo jantar.

Inovar, comunicar, aproximar-se de clientes e fornecedores são requisitos básicos para um bom ajuste nestes tempos difíceis. 
Nos bons tempos, os ventos são sempre favoráveis e constantes, o mar é calmo e o céu é claro, mas não forma bons marinheiros.

A estratégia de focar em fazer melhor que os demais é bem mais funcional do que a estratégia de focar na crise. Olhar as oportunidades de curto prazo, planejar o mínimo, reduzir despesas e otimizar investimentos também ajudará a definir quem fica e quem sai do mercado. Sacar o que guardou nos tempos de vaca gorda são iniciativas fundamentais, quem não guardou, quem entendeu que tudo era lucro e tudo podia virar dividendo, está pagando o preço alto da compra de capital de giro no país dos juros altos.

O momento também é hora de colher. Quem construiu um relacionamento com seu consumidor, um relacionamento honesto, vai passar bem mais confortável agora, pois é natural que haja movimentações de consumidores e clientes em busca de alternativas que pareçam mais vantajosas (não mais baratas apenas). Empresas com boa reputação tendem a manter e até ganhar clientes, enquanto empresas sentadas sobre o conforto de ventos constantes e/ou que tinham preços acima do que entregavam, preços oportunistas, vão perder clientes e sofrer bem mais. 

O urso está à solta, o momento é de correr, não mais do que o urso, mas sempre mais do que os outros. 

O foco agora não é pensar no ano, mas no “inverno”, momento que esse urso há de hibernar. Manter-se vivo e correndo é a dinâmica. Recuse-se a virar almoço de urso, e viva e sobreviva para poder usufruir de um mercado renovado, com concorrentes melhores e clientes mais capazes de distinguir boas empresas. Mas esteja certo, qualquer um que paralisar, ou subir em árvores, vai virar almoço de urso... E ele é feio, traiçoeiro, provavelmente de nome Dilma...

“Roberto Mendes é publicitário, especialista em marketing pelo Instituto de Administração e Gerência da PUC/RJ, professor titular da Universidade Candido Mendes e sócio da Target Comunicação.”

 

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