A ditadura da classe C

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Pelo critério Abep (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa), que substituiu o critério Aba-Abipeme (Associação Brasileira de Anunciantes e Associação Brasileira de Institutos de Pesquisa de Mercado), em vigor desde fevereiro último, classe C é a parcela da população que em 2010 ganhava entre mil e mil e quinhentos reais de renda média familiar.

Pelo mesmo critério esta classe corresponde a 50% da população brasileira e, segundo a FGV, 13 milhões de ascendentes devem chegar à classe C até o fim do ano que vem, alcançando o total de 118 milhões de brasileiros.

Assim como nossa população está envelhecendo, ela está enriquecendo; por mais que você pense que R$ 1.250,00 (média) não seja nada parecido com “ser rico”, o que é fato, mas é dinheiro bastante para movimentar e principalmente modificar a economia, e assim mudar diversos outros modelos que reagem a economia; aliás o que não reage a ela?!

No passado a classe C conservava certa admiração pelas classes B e A, imitando-a, disfarçando-se de B ou A, mas esse mimetismo se foi, no modelo vigente a classe C não quer deixar seus hábitos, sua visão, ela só quer mais consumo, mais fartura e mais moedinhas tilintando. Assim estamos vivendo uma mudança que beira a revolução, devido à velocidade desta mudança. A classe C chega ditando suas próprias regras, e aumentando o hiato com as classes acima.

Gigantes como a Rede Globo já entenderam isso há tempo e em suas novelas cada vez mais a periferia faz parte do vídeo, não mais as mansões predominam. A classe C quer se ver, quer ser ela mesma, não se satisfaz em viver no estereótipo da B, e isso gera uma grande mudança de consumo e de cultura. As preferências da classe C estão nas prateleiras, no seu ouvido, aos seus olhos, quer seja em produtos, embalagens, qualidade, quantidades, na música (funk é classificado como música?!), na gíria e em tantos outros aspectos.

Uma grande novidade é que os chiques “classe A/B” estão importando hábitos de consumo da C, como cultura, marcas e produtos.

No passado apenas Chevetes de som alto e fogões de seis bocas eram ícones de consumo para essa classe, mas hoje há novos destaques, e entre estes o celular tem imensa relevância, juntamente com a geladeira duplex, o notebook, a TV de tela fina e grande e o tablet começa a florescer. A classe C hoje tem importância mais que significativa no consumo de aparelhos de celular de valor mais alto, afinal, é a forma de comprovação de ascendência social mais perceptível neste segmento.

Quem quiser prosperar na classe C, deve respeitá-la, entendê-la e falar a sua linguagem—visual e de expressão—apesar da Classe B ter grande crescimento na atual economia, quantitativamente é a classe C que reserva maior efetivo e maiores oportunidades, pois há tudo por consumidor ainda, é na escalada social, um classe C recém-chegado está diante de sua primeira vez onde se depara com algum excedente financeiro que permite elencar o consumo, além de comprar o exclusivamente o necessário. Quem se habilita a beliscar essa parcela de dinheiro?!

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