2015 vai ser difícil

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

O cenário que já não era bom aos poucos vai ficando pior. O governo mantendo a teoria de problema dele é problema seu, em vez de realizar os ajustes fiscais que deveriam incluir a redução de gastos e o sufoco da corrupção, optou por frear consumo e ampliar impostos. Desta forma, você agora é mais sócio do que nunca nesta armadilha presidencial.

No consumo isso vai esbarrar em perda de poder de compra e consequente redução do ‘compraremos’, empresas com dificuldades financeiras tendem a ter seu cenário agravado e a perfeita e profissional gestão será imprescindível. Consumidores enrolados estarão ainda mais enrolados. De uma forma ou de outra, 2015 e 2016 serão anos de uma realidade difícil e que poderá ser um divisor de águas para muitas empresas e pessoas, pois navegar com vento é fácil, difícil é no mormaço ou tempestade! Veem os raios!?

Outro imenso risco é o aumento da inadimplência, pois o brasileiro não é o cara mais organizado sob o ponto de vista financeiro, não é um poupador, e nem o mais controlado quando o assunto é comprar. Assim, vender pode não ser difícil, mas receber pode ser uma tarefa árdua. Leis que vitimizam o consumidor e transformam o empresário em único responsável pelo processo da venda ameaçam constantemente a saúde financeira das empresas e sobrecarregam os bons pagadores, que assumem compulsoriamente o custo de quem não paga. Este ano o consumidor poderá gerar imensa dificuldade em pagar, visto que está habituado há anos a comprar ininterruptamente.

O crédito está mais caro e não é momentâneo, mas sim uma tendência; financiar será cada vez mais proibitivo, assim, comprar itens de grande valor será tarefa mais difícil e uma oportunidade para quem tiver reservas. Alguns segmentos tendem a ter forte queda e outros, pequena redução. Mas o cenário, não se engane, é de redução.

O emprego é outra ponta importante que ameaça o consumo. Com queda nas vendas e no consumo, o emprego reduz, a vaga adia, a promoção esfria. Um cenário mais difícil traz uma grande inversão no processo do emprego e qualificação voltada a resultado e produtividade é diferencial indispensável. O trabalhador que já tem dívidas pode ter problemas se perder o emprego, então a palavra de ordem é não se endividar.

 A publicidade e as ações de promoção devem crescer, e muito, a fim de disputar os poucos bolsos e os raros reais disponíveis, e as ofertas também devem se tornar cada vez mais tentadoras, mas o cenário é de fato complicado, pois os custos do país só aumentam e a pressão dos importados permanece alta.

A indústria nacional ainda é pouco competitiva tanto em produtividade como em custos diretos e indiretos. O empresário que não fez reservas nos tempos mais fartos que se viveu (e que duraram artificialmente, mais para garantir uma reeleição) terá sérios problemas para se ajustar nestes tempos de mais impostos, menos crédito e menos vendas.

Ano novo, novos tempos. 2015 não é o fim dos tempos, mas certamente definirá novos tempos, mas tampouco será tempo suficiente para pôr em ordem as consequências de problemas que ainda não foram sequer tratados. O governo arrecada muito, gasta mal, a corrupção fica com a maior parte e o contribuinte que também é consumidor paga toda a conta. Enquanto o país não cuidar de gastar menos e honestamente, não aprender a investir de forma certa arrecadando menos, nosso consumo continuará a pagar propina, nossa comida pagará o déficit da Petrobras, nossos serviços sustentarão quem mama no governo e nosso trabalho servirá para pagar impostos. Não sei se cabe, mas feliz ano novo!


Roberto Mendes é publicitário, especialista em marketing pelo Instituto 

de Administração e Gerência da PUC-Rio, pós-graduado em Engenharia 

Ambiental, professor titular da Ucam e sócio da Target Comunicação

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