A sétima arte

quarta-feira, 02 de março de 2016
Foto de capa
Cena do filme "Viagem à Lua" (1902), de Georges Méliès

O cinema é uma das mais expressivas linguagens artísticas. Foi classificada como a sétima arte no Manifesto das Sete Artes, no início do século passado, em que foi descrito como arte total por integrar os elementos de outras, como a pintura, escultura, arquitetura, música, teatro e a literatura, para produzir uma sequência de sons, imagens e seus respectivos efeitos. Além de entreter, toca os espectadores com mensagens que os fazem pensar e ver a si próprios em seus conceitos e preconceitos, possibilidades e impedimentos, medo e disposições, o cinema os motiva medir o tamanho dos seus joanetes e a conhecer a altura das montanhas que os cercam.

A arte cinematográfica é construída a partir da literatura, isto é, é originada de um roteiro inédito ou adaptado de outra obra literária que retrata a vida desde os tempos mais remotos, enquanto arte de narrar histórias e registrar acontecimentos.  

As crianças e os jovens devem assistir a filmes, seja na televisão, no cinema, na internet. Enfim, o cinema deve fazer parte de suas vidas; eles, que há pouco chegaram neste mundo, sabem precariamente de si, o conhecimento que possuem sobre a vida é insuficiente e ainda precisam desvelar um planeta carregado de incógnitas e desafios.

Quem escreve roteiros, dirige filmagens e interpreta cenas estão preocupados e não medem esforços para reproduzir os fatos, presentes em cada prisma da vida. Prismas que apenas mudaram de cor ao longo do tempo; todo o filme é histórico e tem atualidade, como os sete pecados capitais que nunca serão ultrapassados. Os orgulhosos e vaidosos não se cruzam diariamente nas calçadas?

O espectador sensível e observador consegue captar a alma do escritor em cada cena de um filme. Ah, o autor, esse simples vivente está disponível a apreender a essência das coisas em cada canto da vida e esquina da cidade. Quer voar como águia para vicejar ideias e abrir suas asas sobre a folha de papel para oferecer ao espectador um árvore frondosa de histórias e pensamentos.

As pessoas gostam de conversar a respeito dos filmes que assistem, ler a respeito e pesquisar relativos assuntos. Eu mesma, depois de assistir ao filme sobre a vida de Stephen Hawking, recomecei a ler sobre a lei da relatividade, tema que sempre me interessou; revi a teoria de Einstein e adquiri o respectivo livro “Uma Breve História do Tempo”, que costumo de lê-lo antes de dormir para embarcar nos sonhos carregada de questões complicadas. Gosto delas. Além do mais, este filme me foi uma experiência tão contundente quanto um fato vivido. Aprendi e reaprendi! A própria vida dele já me foi o suficiente para que fizesse transformações na minha própria, como ter a certeza de que vencer o invencível é possível, como Cervantes preconizou em Dom Quixote. Esse filme fez meus propósitos brilharem no fundo do armário e concluir que a vida é bela, mesmo sendo um grão de areia na imensidão do universo.

E, lendo o livro, Stephen Hawking me mostra que cada planeta é o centro do universo pela lei de atração magnética; todos os corpos são por ele atraídos. Entretanto, esse planeta, não mais do que uma partícula no espaço, é da mesma forma atraído por todos os demais corpos celestes. Isso me permite concluir na entrada da madrugada que nós também, os terráqueos, não somos diferentes. Temos uma dinâmica de relacionamento e sobrevivência parecida.

O cinema, é fonte de evolução, se tomado neste ponto de vista; cada filme precisa ser pensado e repensado, não apenas ser visto pelos belos olhos do protagonista. As crianças se trabalhadas para tal, vão receber grandes benefícios; não precisarão comer balas de coco para conhecerem o sabor do açúcar.

Quem assistiu a “A Era do Gelo” ficou encantado por Sid, a preguiça, mas, certamente, não deixou de se preocupar com questões relevantes que ameaçam o futuro do nosso planeta, como o degelo.  

Agora mesmo, acabando de escrever esta coluna, estou diante da televisão assistindo a um filme que me faz pensar no que acontece e não consigo explicar. E, até mesmo, suspeitar que, às vezes, é melhor “desexplicar”, do que perder tempo buscando justificativas inúteis.  

Ah, cinema é isso. É um livro vivo. Aberto. Que, de algum modo, nos faz buscar a boa forma de viver, por mais difícil que seja aceitar de que jamais estaremos sob um céu de diamantes. Por falar nisso, será que posso convidar você, meu leitor, a dançar um tango na Alberto Braune, na hora do rush?

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