Nas portas da adultez

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Dedico esta coluna ao jovem que traz os requícios da infância e tem o impetuoso desejo de descobrir o mundo, que se encontra diante da adultez e que vivencia uma fase da vida marcada por desafios, incertezas e temores.

O texto de Verônica A. Shoffstall toca essa etapa da vida, escrito em seu livro de formatura em 1971, ao terminar o highschool, aos 19 anos. Atribuíram a autoria à Shekespeare, mas talvez haja um engano a respeito.

Muitos já o conhecem, pois é veículado na internet, inclusive com apresentações belíssimas, como a do Menestrel. Que vale a pena assistir.  Trago aqui o texto poético e não tive como deixar de fazê-lo. Nenhum comentário, resumo ou interpretação poderia mostrar a totalidade de suas ideias.

Depois de algum tempo você aprende a diferença,
A sutil diferença entre dar uma mão e acorrentar uma alma,
E você aprende que amar não é apoiar-se
E que companhia nem sempre significa segurança,
E começa aprender que beijos não são contratos,
E presentes não são promessas.

E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e os olhos adiante,
Com a graça de um adulto, e não com a tristeza de uma criança
E aprende a construir todas as suas estradas no hoje,
Porque o terreno de amanhã é incerto demais para os planos,
E o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.

Aprende que falar pode curar dores emocionais
Descobre que se leva anos para construir uma confiança
E apenas segundos para destruí-la.
E que você pode fazer coisas em um instante,
Das quais se arrependerá pelo resto de sua vida.

Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer
Mesmo a longa distância,
E o que importa não é o que você tem na vida,
Mas quem você tem na vida.
E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. 

 

Aprende que não temos que mudar de amigos
Se compreendermos que os amigos mudam,
Percebe que o seu melhor amigo e você
Podem fazer qualquer coisa ou nada
E terem bons momentos juntos.

Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que o ame
Não significa que esse alguém não o ame com tudo que pode
Pois existem pessoas que nos amam
Mas simplesmente não sabe como demonstrar ou viver com isso.

Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém
Algumas vezes você tem que aprender a perdoar a si mesmo
Aprende que com mesma severidade com que você julga
Você será em algum momento condenado.

Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido,
O mundo não pára para que você o conserte,
Aprende que tempo é algo que não pode voltar para trás,
Portanto, plante seu jardim e decore sua alma,
Ao invés de esperar que alguém lhe traga flores.

E você aprende que realmente pode suportar, que realmente é forte,
E que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais.
E que a vida realmente tem valor,
E que você tem valor diante da vida.
E você finalmente aprende que nossas dúvidas são traidoras
E nos faz perder o bem que poderíamos conquistar,
Se não fosse o medo de tentar...

 

O texto fala de atitudes e posturas, cuja percepção é resultado de processos de amadurecimento. São apreendidas através de experiências que passam por três instâncias: o sentir, o pensar e o agir. Quer dizer, todo sentimento gera um pensamento que por sua vez influencia, até determina uma ação. O seguir adiante depende da transformação do modo como vivenciamos nossas experiências. Mesmo que os processos de transformação sejam lentos, sofridos. Tortuosos. Temidos, algumas vezes. E carregados de dúvidas.

As dúvidas são necessárias e conduzem o pensamento. Boas decisões exigem uma imensidão de perguntas e respostas. Mas podem ser paralizantes quando “nos faz perder o bem que poderíamos conquistar”.

Os temas são questões que aperfeiçoam nosso modo de existir. Será uma vida por pouco tempo? Quem sabe, se tivermos sete vidas, poderemos vivenciar esses versos no meio da cidade. Nunca no topo do Pico do Caledônia. Lá, estaremos sozinhos.

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