Uma cidade iconoclasta

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Nome antigo e quase não usado. O iconoclasta é um destruidor de imagens. Uma das mais recentes a ser violada foi a estátua de Getúlio Vargas colocada na praça que leva seu nome no centro de Nova Friburgo, em 1955. Mas, não faz muito tempo e não foi a primeira vez, as estátuas em mármore, importadas da França, foram danificadas. Por duas vezes, pelo menos, decepadas. Agora estão no museu e os jardins esperam as réplicas das quatro estações. Bem lembrou a historiadora Janaína Botelho, da Universidade Candido Mendes, que nos brinda todas as quintas-feiras aqui em A VOZ DA SERRA com fatos de nossa história, da derrubada da estátua representando uma colona suíça com a criança no colo, erguida no topo do obelisco do centenário na Praça Dermeval Barbosa Moreira. Esta, nunca foi encontrada.

Há pequenas depredações, representadas por pichações em muitas partes da cidade. Certa feita, picharam uma suástica na porta da catedral de São João Batista, chamando o Bispo da época, Dom Clemente Isnard, de nazista. Quem não se lembra da Cruz do Morro do Anchieta que foi serrada e derrubada. A que lá está foi o resultado de um trabalho liderado pelo Canal 11 de TV de Nova Friburgo que chegava à cidade e decidiu repor a cruz em seu lugar. O mesmo helicóptero que levava o material de construção para erguer a torre de transmissão do morro do Imperador, levou a nova cruz, agora de chapa de aço, que se encontra no mesmo local. À época, alguns escotistas do Grupo Anchieta facilitaram o diálogo com a nova empresa de TV e tudo foi realizado.

No início do século passado há um fato que reporta o incêndio de uma igreja evangélica em Lumiar. Grupos católicos daquele distrito não aceitavam uma confissão religiosa diferente. A década de 1950 foi marcada pelas disputas religiosas, com debates teológicos entre pastores e sacerdotes católicos em praça pública, com direito a torcida e aplausos. E a luz elétrica chega a Friburgo na conhecida noite do “quebra lampião”. Enquanto a Câmara de vereadores votava o projeto de parceria, na verdade, público-privada a respeito da energia elétrica para a cidade, o que dinamizaria a indústria, os lampiões foram quebrados, determinando a sua inutilização.

Uma cidade marcada em sua história pela falta de cuidado com seus monumentos. Esperamos que estes tempos de 200 anos tragam mais vigor à memória histórica dos friburguenses. Uma cidade sem história é uma cidade sem memória!

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Hamilton Werneck

Hamilton Werneck

Eis um homem que representa com exatidão o significado da palavra “mestre”. Pedagogo, palestrante e educador, Hamilton Werneck compartilha com os leitores de A VOZ DA SERRA, todas as quartas, sua vasta experiência com a Educação no Brasil.

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