Um acordo além das intenções

Assinado um acordo técnico entre os ministérios da Cultura e Educação, os titulares Ana de Holanda e Fernando Haddad prestaram excelente contribuição à cultura, indicando que nem tudo deve ser restrito à sala de aula.

Uma breve história retrata essa situação e me foi contada pela esposa de um diplomata brasileiro servindo no Canadá. Saindo às ruas para procura trabalho, chegou esta professora a uma biblioteca. Quando perceberam que ela falava português, afirmaram que era a pessoa que procuravam, dado que a cidade portuária recebera uma quantidade grande de funcionários para trabalhar nas armações dos navios e vinham todos dos Açores.

O objetivo da biblioteca era atrair as crianças e, depois os pais, em programas culturais para mostrar-lhes o Canadá e ajudar a preservar a cultura e civilização daquela região.

Todas as crianças tinham escola disponível e estavam aprendendo a língua daquele país, no entanto, isso não era considerado suficiente para que houvesse uma assimilação da cultura canadense, melhor apresentada em museus, bibliotecas, apresentação de filmes e exposições culturais.

Quando educação e cultura se unem, a formação do cidadão se completa porque, enquanto uma ensina para o dia a dia, trata de assuntos mais próximos à vida e aos usos da língua, a outra, sem dúvida, trata da história, dos valores sociais a serem preservados e dos vários caminhos traçados pelos desbravadores na construção de uma nação.

O respeito pelo país passa pela sala de aula, mas se não houver um complemento cultural, perde-se a memória, pela falta de conexão entre o monumento erguido numa praça e os fatos que o antecederam. Um país é amado e respeitado quando o contato com a cultura, com o passado e a construção dos valores pátrios é assimilado pelos mais jovens.

Este o grande benefício do acordo, uma semente que deve reproduzir-se muito além de sua assinatura.

Prof. Hamilton Werneck é pedagogo, escritor e palestrante