Reflexões sobre a reforma do ensino médio - Parte 2

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

O Plano Nacional de Educação (PNE) sinaliza para sete horas na escola com mais uma hora para refeição. Este ensino integral acaba por afirmar que o jovem não pode ser disputado pela rua ou pelo emprego. Observando-se do ponto de vista da escola pública, a reforma pretende oferecer aos menos favorecidos um tempo integral, sempre usado pelas elites. No contra turno os jovens oriundos das elites fazem inúmeros cursos em várias instituições.

Mas, continuando esta análise da reforma, antes mesmo de entrar em pauta de discussão, vemos centenas de escolas ocupadas por estudantes que se apresentam, aparentemente, contra este ensino integral. Quais seriam as razões, dado que, parece uma medida correta, existente em quase todos os países com IDH elevado?

Há vertentes que rejeitam este tempo integral, desde os que questionam as diferenças entre tempo integral e educação integral, até outras razões que serão aqui elencadas. A liberdade que os jovens têm leva a uma tendência de fuga da escola, sobretudo se estão presos ao modelo vigente, altamente desinteressante e enfadonho.

A rua é mais atrativa, os tablets e celulares muito mais. Há famílias que aproveitam o tempo de contra turno das escolas para que seus filhos façam algum pequeno trabalho. Os jovens das elites preferem ocupar-se no contra turno com atividades em outros estabelecimentos ou “curtirem” a vida nos shoppings.

Do lado da contravenção, o tráfico poderia ficar sem parte da mão de obra barata para entregar drogas por todas as partes. Assim, diante desses movimentos de ocupação é necessário que os órgãos competentes analisem a fundo o motivo de tal movimento.

Já não foi bom para a sociedade brasileira, sobretudo do Rio de Janeiro, quando a experiência dos Cieps foi “bombardeada” por alguns meios de comunicação, estigmatizando-os.

Se o Brasil desejar recuperar os atrasos existentes na educação de seu povo precisa buscar os caminhos de uma educação integral e em tempo integral. Os sindicatos dos professores, se analisarem a fundo esta questão, verificarão que há uma queda vertiginosa em nosso índice de crescimento vegetativo, o que acarretará, em breve, a dispensa de pessoal contratado.

Mais branda opção será não ter necessidade de substituir quem se aposenta. A dilatação do tempo nas escolas garante o trabalho para os docentes, mesmo com as quedas dos índices de fertilidade da mulher brasileira.

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Hamilton Werneck

Hamilton Werneck

Eis um homem que representa com exatidão o significado da palavra “mestre”. Pedagogo, palestrante e educador, Hamilton Werneck compartilha com os leitores de A VOZ DA SERRA, todas as quartas, sua vasta experiência com a Educação no Brasil.

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