Qualidade e emprego - 25 a 27 de setembro.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Empresas e pessoas sobrevivem no mercado graças à qualidade. Há alguns anos falava-se em qualidade total, expressão que costumo questionar porque se é total não tem como evoluir, enquanto que a verdadeira qualidade supõe evolução contínua e aprimoramento a cada dia, portanto, a qualidade exige esse dinamismo. Não se trata de algo “total” e acabado; trata-se de um processo buscando sempre o melhor.

A qualidade pode ser observada de dois ângulos: a qualidade formal e a qualidade política.

A ciência observa mais a qualidade formal e é por isso que ela surge com mais projeção que a outra, a qualidade política.

Faz parte da qualidade formal a ferramenta necessária para o desenvolvimento de qualquer projeto, palestra, aula, construção ou comunicação.

As impressoras deste jornal fazem parte da qualidade formal, assim como os computadores e demais meios de captação das informações. As máquinas fotográficas fazem parte da qualidade formal e os meios de comunicação que trazem as notícias até a redação estão na mesma classificação.

Daí pode surgir um erro profissional muito sério, qual seja o de pensar que basta ter ferramentas para que se obtenha qualidade dos produtos. Nessa hora pode-se agir erroneamente quando damos mais atenção à ferramenta que à pessoa especializada em seu manuseio.

A qualidade política é, antes de tudo, histórica. Fazem parte dela as pessoas, os profissionais formados e em formação continuada. Sem as pessoas não teremos uma qualidade completa e, mesmo com ferramentas de primeiro mundo, podemos carecer de qualidade.

Numa situação onde a qualidade, no dizer de Iurgen Habermas, está na “greta das coisas” e é difícil de ser percebida, a formação do profissional é primordial para a manutenção de seu emprego após a conclusão dos cursos pertinentes. Será aquele que estiver atrás das ferramentas que determinará a qualidade que o mercado requer.

Atualmente, quando se trata da formação dos profissionais, pensamos em escolas técnicas e de nível superior que, por sua vez, requerem professores. Aqui cabe a mesma colocação: esses professores serão a mola mestra na formação dos profissionais. Não adiantaria a uma universidade ter, apenas, excelentes laboratórios sem pessoal qualificado.

É por isso que a economia e a política precisam estar atentas a algumas movimentações de pessoas ao escolher profissões ligadas à educação. Recentes pesquisas informam que a procura pela profissão do magistério, sobretudo no ensino básico, quando pesquisam entre alunos do ensino médio, não ultrapassa o percentual de 2%.

Pior ainda se considerarmos as escolhas para o magistério pelos resultados do último Enem: os conceitos dos que escolhem as licenciaturas e os cursos de pedagogia são dos mais baixos nessa avaliação.

Vale dizer que nossa qualidade política, ao longo do tempo, está comprometida. Se o Brasil não ficar alerta para esse fenômeno podemos ter, num futuro próximo, excelentes máquinas, excelentes laboratórios e ferramentas precisas relegadas aos almoxarifados por falta de profissionais que as coloquem para funcionar.

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Hamilton Werneck

Hamilton Werneck

Eis um homem que representa com exatidão o significado da palavra “mestre”. Pedagogo, palestrante e educador, Hamilton Werneck compartilha com os leitores de A VOZ DA SERRA, todas as quartas, sua vasta experiência com a Educação no Brasil.

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