Colunas
Professor, há um gênio dentro da sala de aula!
quarta-feira, 07 de novembro de 2012
Abro o jornal e uma aluna do bairro vizinho foi classificada em terceiro lugar na maratona de matemática, competindo com mais de vinte milhões de alunos.
Depois que a Apple inventou um celular sensível à voz, atendendo em alemão e inglês para discagens, um brasileiro, adolescente, criou um chip para que o celular aceitasse o português do Brasil. Quantos anos ele tem, hoje? Dezesseis anos. O invento foi entre quatorze e quinze anos de idade!
Onde este adolescente aprendeu tantas coisas complexas? Certamente não foi dentro da sala de aula. A escola não ensina essas coisas, está mais preocupada com a métrica, a sintaxe e a aplicação da fórmula de Báscara para resolver equações. A escola não liga para equações binárias porque são muito sem significação e complexidade. Mas, este adolescente aprendeu!
Falta à escola este olhar para a genialidade. Precisamos esquecer as notas de aprovação que, geralmente, estão situadas em torno da mediania, para não dizer da mediocridade e observarmos as reações dos que têm ideias geniais.
Quando a escola olha para a mediania, suas conclusões são a imagem da catástrofe, a mesma que não aceitou Thomas Edson na escola por ser incapaz e dispensou Einstein da Escola Técnica de Zurich pelas mesmas razões.
E não importa o grau do ensino. Napoleão não foi aceito pela escola de guerra do Império Francês por ser considerado medíocre nas artes da guerra.
Reclamamos do “Juquinha” célebre encrenqueiro de nossas aulas porque faz perguntas fora do padrão. Perguntado sobre quantos braços tem o São Francisco ele respondeu:
— Depende, professora; se for o santo tem dois braços, sendo o rio, muitos braços! — Sinal de inteligência e capacidade de discernimento, característica de inteligência em nossos dias. O “Juquinha” corrigiu a pergunta do professor que não especificou se era o rio ou o santo, do mesmo modo que outro gênio, diante de uma pergunta imprecisa que solicitava uma descrição do Chile esboçou a seguinte resposta marcada de inteligência e humor:
— O Chile é um país alto e magro!
Por mais raiva que nos provoquem essas respostas, elas estão grávidas de inteligência. As perguntas, estas sim, raquíticas de clareza.
Nossos gênios usam uma lógica própria e necessitam de acompanhamento diário. Veja o espanto daquele pai de uma criança de pré-escola que levou o filho para ver o prédio que fora implodido. Para o pai houve uma implosão, para o filho a construção de um terreno!
Nossas mentes podem ser comparadas às impressoras jato de tinta. Ao comando, elas imprimem em preto e branco ou colorido. As mentes de nossos alunos, por mais bobagens que digam, por mais desligados da vida que sejam, são mentes 3G correspondentes às impressoras que trabalham com resina. Recebem um programa e imprimem o modelo de uma peça em resina para ser enviada ao sistema de produção de uma indústria.
Onde eles estão ou podem ser encontrados? Em muitas partes, professor, sobretudo em sala, ao seu lado e, para entendê-los, nossa mente precisa mudar de dimensão!
![](https://acervo.avozdaserra.com.br/sites/default/files/styles/foto_do_perfil/public/colunistas/hamilton.jpg?itok=MeefKwrU)
Hamilton Werneck
Hamilton Werneck
Eis um homem que representa com exatidão o significado da palavra “mestre”. Pedagogo, palestrante e educador, Hamilton Werneck compartilha com os leitores de A VOZ DA SERRA, todas as quartas, sua vasta experiência com a Educação no Brasil.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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