Colunas
Praxis e aprendizagem nas escolas e universidades
Parte 2
Ensinará bem e, ainda melhor, aquele que souber avaliar seus alunos.
A vertente tradicional – aprovar ou reprovar – incluía a noção de um profissional competente, entendendo-se por competência o conhecimento dos assuntos a serem ensinados e uma capacidade de fazer seleção entre os que aprenderam e não aprenderam. Quem aprendeu seguia para o paraíso da aprovação e, os reprovados, para o inferno da repetência.
Uma vertente que poderia não incluir um compromisso para que todos aprendam. Sem este compromisso, hoje, os investimentos em educação podem considerar-se em grande parte perdidos e sem retorno social, mesmo que sejam modernos e usem os recursos que a informática e as mídias colocam à nossa disposição.
A vertente atual – ensinar e aprender – inclui a noção de um profissional competente, entendendo-se como competência o conhecimento dos assuntos a serem ensinados, a capacidade de envolver os educandos no processo de aprender e o desenvolvimento de atitudes que correspondem aos aspectos afetivos da competência.
Esta última vertente, no entanto, trouxe em seu interior um grande engano. Pessoas sem compromisso começaram a entender que se tratava de “empurrar” os alunos para as séries ou ciclos seguintes, mesmo sem que tivessem aprendido alguma coisa. Ou seja: se não devemos reprovar, vamos aprovar automaticamente. Grande erro!
Na verdade, uma escola que envia alunos à série seguinte sem que eles saibam, não é uma escola que pratique a ética; uma escola que, sem compromisso, reprova e pensa ter cumprido seu papel, não tem competência.
Parece um beco sem saída. Porém, não é. O importante é que se coloque alguma coisa no lugar da reprovação. Alguns passos anteriores são importantes: mais tempo da criança nas escolas porque elas só têm tempo para ouvir aulas; adequação dos conteúdos ao desenvolvimento psicológico da criança; formação continuada dos educadores e melhores salários para os professores.
Partindo daí é possível planejar uma recuperação paralela, o acompanhamento de alunos dependentes em alguma disciplina procurando estabelecer um processo e, não, deixando para tentar corrigir alguma coisa ao final do ano letivo.
A modernidade, ao oferecer as variadas possibilidades de se repetir exercícios com programas computadorizados, só terá êxito se os requisitos acima forem atendidos, sobretudo o que diz respeito à adequação dos conteúdos ao desenvolvimento psicológico da criança.
Ainda é importante salientar que as tecnologias são excelentes para serem usadas em pesquisa e que os professores, além de conhecê-las, precisam auxiliar as crianças ao usá-las.
Um dos exemplos mais comuns corresponde ao uso da linguagem “html”, excelente ferramenta de pesquisa. Se bem usada, aprende-se muito e é possível acessar conteúdos muito variados e pertinentes ao que se pesquisa. Não havendo conhecimento de seu uso, esta ferramenta pode ser alimentadora de dispersão. Por exemplo: a criança iniciando uma pesquisa sobre o delta do rio Parnaíba poderá, em poucos minutos, estar diante de um sarcófago, contendo uma múmia, dentro de uma pirâmide no Delta do rio Nilo.
O educador responsável e os gestores da educação, se usarem monitorias, tempo dilatado nas escolas, cursos de férias e demais criações inteligentes perceberão que todas elas serão sempre mais baratas que a repetência e, muitas vezes, mais eficazes.
Portanto, fique bem claro, que o compromisso com a aprendizagem exige um movimento contínuo de métodos e processos, pessoas e sistemas, buscando o maior benefício para o educando como retorno social do que a sociedade investiu.
Hamilton Werneck
Hamilton Werneck
Eis um homem que representa com exatidão o significado da palavra “mestre”. Pedagogo, palestrante e educador, Hamilton Werneck compartilha com os leitores de A VOZ DA SERRA, todas as quartas, sua vasta experiência com a Educação no Brasil.
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