Por que o professor não é respeitado?

Os professores, hoje, não são respeitados por uma série de razões e, de modo bem sintético, podemos elencar:

Alguns não se dão ao respeito pelo modo de se vestir, usando camisetas com dizeres pouco compatíveis com a educação. Podem, ainda, usar palavras tão próximas das gírias usadas pelos alunos que se tornam iguais e, os professores, não podem ser “iguais” aos seus alunos. Os alunos precisam aprender que há muitas diferenças apesar da atenção próxima que merecem de seus mestres.

Outra causa é a falta de conhecimento por parte de quem ensina, a falta de linguagem própria para cada assunto, a capacidade de envolver os alunos no processo de aprender e a atitude que corresponde ao aspecto afetivo do relacionamento. Todos os elementos citados fazem parte dos “pilares” da competência própria dos professores.

Mais uma causa deve ser abordada, dado que ela escapa do controle do profissional. Numa sociedade consumista, na visão de Bauman em “Vida para Consumo” a profissão do magistério deixou as prateleiras dos produtos mais caros e foi banalizada pela sociedade. Até porque os gestores têm em mente que qualquer pessoa poderia dar aula, bastando, para tanto, saber a matéria.

Decorre daí mais uma causa da falta de respeito: enquanto um não dentista, um não médico, um não advogado são recriminados pela sociedade quando flagrados pela lei e banidos de seus locais de trabalho, o mesmo não acontece com os não professores. Mesmo sendo não professores continuam com o título numa sociedade que transformou os diplomas, não em sinal de reconhecimento pelo saber, mas em algo que se pode comprar numa “feira pseudoacadêmica”.

Urge, tanto por parte das escolas superiores que formam professores, quanto por parte dos formadores de opinião quanto dos gestores do ensino, revisitar os valores inerentes à profissão de professor para salvar o que resta e repor o status perdido.

Professor Hamilton Werneck é pedagogo,

escritor e palestrante.