Os paradigmas do profissional do século 21 - A unificação

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Se o paradigma do passado foi a segmentação, o momento histórico está voltado para a unificação, em que as considerações levam em conta o maior número de variáveis intervenientes no processo, seja ele qual for. No campo político, fala-se muito em coalizão; no setor profissional, as pessoas unem esforços para buscar soluções para seus problemas ou para treinar, a custo mais baixo, seu pessoal.

Existem sistemas educacionais que viveram com suas contabilidades separadas durante anos e, agora, formam associações de escolas, visando a um crescimento maior de seus educadores, o que proporcionará ganhos maiores em uma economia de escala. Pode-se exemplificar isso no Brasil com a experiência de algumas escolas religiosas ou de sistemas de ensino. A união dos esforços é percebida em várias organizações: Sebrae, associações comerciais, industriais e agrícolas, federações de indústrias e vários tipos de sindicato.

No entanto, a unificação, hoje, tem o tempero da cooperação, e isso muda, naturalmente, os conceitos corporativos que marcavam o passado segmentado. Mais que corporação, a cooperação entre os envolvidos conta muito mais. Grandes religiões, fortalecidas pelo dogma e pelos catecismos, buscam, hoje, comportamentos de unificação e de convergência. As empresas se unem em conglomerados. As antigas disputas entre Antarctica e Brahma cedem lugar à Ambev, para melhorar a competitividade internacional.

O mesmo ocorre no campo político, em que o impossível acontece e, portanto, as coligações momentâneas entre partidos, a princípio antagônicas, se tornam possíveis, seja para preservar a governabilidade, seja para conseguir objetivos comuns, como o aumento de um piso salarial ou o combate ao uso de drogas, por meio de uma comissão parlamentar de inquérito. É interessante observar que, desde 1962, quando Robert Glaser publicou seu primeiro modelo de sistema, as pessoas passaram a pensar no planejamento e no controle.

O ex-presidente João Goulart, ao criar o Ministério do Planejamento, no Brasil, nessa época, estava avançando no sentido de um modelo sistêmico, dentro de um país segmentado e de mentalidade positivista. Como sofreu várias represálias políticas por ser considerado aliado dos comunistas, falava-se que esse ministério era o “ministério do comunismo”. Derrubado Goulart, o presidente Castello Branco manteve o ministério e entregou-o ao economista Roberto Campos.

Também o Brasil da década de 1960 entendia a necessidade de controle e planejamento de seu sistema, integrando partes antes segmentadas. Somente políticos atrasados conseguiram, em algumas partes do país, atravessar o restante do século com visão segmentada ou concentrando em suas mãos todo o controle e planejamento, apesar de nomearem secretários de governo para essa pasta.

A experiência vem demonstrando que tal tipo de personalismo não funciona, por ser o modelo sistêmico mais prático, sendo as várias partes intervenientes consideradas quando se trata de administrar um órgão público ou uma empresa privada. A unificação é, hoje, a pedra fundamental de um novo paradigma que exige dos administradores enfoques adequados, para levar adiante um empreendimento.

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Hamilton Werneck

Hamilton Werneck

Eis um homem que representa com exatidão o significado da palavra “mestre”. Pedagogo, palestrante e educador, Hamilton Werneck compartilha com os leitores de A VOZ DA SERRA, todas as quartas, sua vasta experiência com a Educação no Brasil.

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