O profissional da educação e a leitura do mundo – última parte

Outro significado importante da leitura em nosso tempo histórico e globalizado, diante de tantas e inúmeras informações que chegam às caixas postais pela internet é, exatamente, a capacidade de discernir entre o que serve e o que não serve. Uma espécie de discernimento seguido de escolha como ocorreu com a vida biológica em sua forma mínima, segundo Oparin, em que as proteínas e os ácidos nucléicos começaram a interagir; no momento em que se formou o código genético ou a primeira célula.

Por outro lado esse discernimento é importante porque quando lemos, por exemplo, que todos os corpos vivos possuem DNA, ao mesmo tempo somos levados a pensar que existe a possibilidade de se colher o DNA de corpos que morreram há muitos séculos. Então, a leitura, é o elemento importante no desenvolvimento da capacidade de discernir e, se ela for relegada a um segundo plano, toda a pessoa será também relegada a esse plano.

Uma outra consideração me parece importante, dado que o avanço das comunidades, os faces e a quantidade de comunicações entre pessoas por internet vem aumentando consideravelmente, é a linguagem que se desenvolve através desse tipo de tecnologia. No caso brasileiro, na verdade, não há comunicação em português, o que se usa é próprio de um dialeto jovem que extrapola a linguagem do gaudério ou potiguar e nada tem a ver com o cuiabano.

Não vamos ser excessivamente exigentes quanto a isso porque, quando conversamos informalmente deixamos a gramática de lado e usamos uma linguagem simples e coloquial. No entanto, as conversas dos jovens fazem já parte de um dialeto conforme a comunidade a que pertencem.

Se essa prática, no entanto, superar quantitativamente o contato com os textos escritos dentro da norma culta da língua, os instrumentos disponíveis estarão oferecendo a oportunidade de desconstruir o que a colonização do Brasil construiu bem durante muitos anos: a unidade lingüística.

A conclusão deste texto voltará à questão inicial sobre os clássicos da literatura. Reconheço a importância dos clássicos, porém, salvo razões especiais e textos especiais, os leitores começam a gostar de ler através de textos mais simples e, portanto, a perspicácia do professor em escolher os textos é fundamental.

Se o importante neste tempo histórico é continuar a disseminar a leitura precisamos deixar de lado certos diletantismos ou visões elitistas e buscarmos uma literatura dentro da norma culta, mais acessível aos educandos do ensino fundamental, sobretudo, para podermos salvar a língua pátria, ampliarmos os conhecimentos em todos os níveis e prepararmos as pessoas, através do ato de ler, para que se comuniquem melhor e partilhem seus conhecimentos e saberes.