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Falando sobre educação - Última parte
A educação é uma questão de condomínio. Por si, as escolas públicas deveriam ser tão boas que não haveria necessidade de escola particular. Ou poderíamos ter um sistema alemão, holandês, chileno, por exemplo, onde os professores são funcionários públicos e por eles pagos, enquanto a gestão pode ser variada. Poderíamos ter associações gestoras de escolas, como organizações particulares estabelecendo convênios com o poder público.
Há um atraso a ser superado no Brasil que remonta ao Marquês de Pombal. É essa questão de que o dinheiro público só pode financiar o que é público. E, analisando, se o que for público é péssimo, será que devo continuar a engolir este “purgante” e não posso exigir que o governo “que emana do povo e em seu nome é exercido” possa gerir melhor o que cobra de impostos dos cidadãos? Temos de superar este contrassenso, do mesmo modo que temos de exigir melhor preparação de nossos educadores. A escola particular, com a quantidade de alunos que abriga não conseguirá atender às demandas do país. A escola pública para ser boa deve sofrer uma intervenção da sociedade e, o melhor caminho será através dos conselhos municipais de educação, contanto que eles sejam eleitos democraticamente e deixem de ser “vespeiros” preparados através das nomeações políticas, exatamente com este perfil, para que não funcionem.
A meritocracia na educação brasileira
Termino esta série de considerações sobre a educação no Brasil apresentando algumas conclusões sobre a debatida questão da meritocracia. A primeira conclusão a que chego é que só posso pensar em meritocracia se ofereço condições de trabalho compatíveis com os resultados esperados. Nesse sentido entendo que os sindicatos têm a obrigação de alertar quando a premiação de mais salário é observada somente de um lado da balança, qual seja, a do profissional que está em sala de aula.
No sistema público há o perigo do profissional ser relapso, não atingir metas desejadas pelo gestor e pela sociedade e continuar atuando de modo relaxado, apoiado na estabilidade conferida pelo seu contrato. Tal fato ocorre muito pouco na escola particular, onde os contratos não conferem estabilidade.
Nesse caso, chego à minha outra conclusão: se o gestor oferece condições de trabalho e de formação ele pode e deve exigir o cumprimento do contrato de trabalho firmado entre as partes. E, num segundo passo, premiar com abonos ou mudança de patamares salariais os que realmente merecem. O erro sindical será apresentar-se contra a meritocracia por acobertamento dos deslizes cometidos por seus filiados.
A avaliação profissional
O mérito depende da avaliação. Esta avaliação só tem sentido e valor se for continuada. Avaliar o desempenho somente num momento do ano letivo pode apresentar distorções comprometendo o processo. O mérito precisa ser levado em conta, no entanto, trata-se de algo complexo que envolve uma avaliação do profissional e do sistema em que ele está inserido. Creio que isto é válido tanto para a escola pública, quanto para a particular.
Hamilton Werneck
Hamilton Werneck
Eis um homem que representa com exatidão o significado da palavra “mestre”. Pedagogo, palestrante e educador, Hamilton Werneck compartilha com os leitores de A VOZ DA SERRA, todas as quartas, sua vasta experiência com a Educação no Brasil.
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