A ética do fazer pedagógico - Última parte

terça-feira, 12 de julho de 2016

Depois de alguns mal feitos éticos nos Estados Unidos, como a expulsão de Thomas Édson da escola por ser considerado incapaz, depois que a escola técnica de Zurich não aceitou o Einstein, nós desembocamos no século 21 com maior consciência em relação à inclusão.

Até por questões religiosas a ética foi ferida. Basta ver a questão dos surdos que não eram batizados porque, se a fé entra pelos ouvidos e eles não podiam ouvir, era sinal que Deus não os queria com fé.

O sofrimento dos canhotos é outra barbaridade que fere a ética por razões bem diversas. Quem escreve com a mão esquerda é canhoto ou canhestro. Veja a composição da palavra: cão + nhestro, portanto a mão esquerda era a mão do cão, sinônimo de diabo.

Além disso, os semitas, judeus e árabes, fazem a leitura da direita para a esquerda e viram a folha dos livros com a mão esquerda. Assim, o uso da mão esquerda identificava alguma ligação com povos que tiveram conflitos com os europeus em épocas diferentes.

Eis algumas origens dos complexos: a educação brasileira seguiu muitas experiências americanas embora não tenha sido capaz de aceitar uma lei federal votada há mais de um século nos Estados Unidos que determina que uma criança deva permanecer na escola mesmo sendo incapaz.        Hoje, no Brasil, a duras penas vai sendo feita uma inclusão ainda cheia de preconceitos e resistências. Uma delas e que mais fere a ética em sua prática pedagógica é aceitar uma criança com déficit de audição, em nome da inclusão e colocá-la, dentro de sala de aula entre as últimas carteiras.

A falta de competência leva o pessoal técnico a exigir atestados para matricular crianças ou então classificam de hiperativas quando são, apenas, crianças ágeis e espertas, para não dizer inteligentes. Hoje há uma “febre” em relação à hiperatividade.

O fato de educadores rejeitarem uma formação continuada fere a ética. Não querer ser avaliado é um atentado à ética porque, se a avaliação institucional for bem feita o profissional tende a ser melhor e esta vontade de ser melhor amanhã é uma atitude ética necessária em qualquer profissão.

Por fim uma consideração sobre a ética de todo o sistema educacional. Currículos que servem para pouca coisa, disciplinas que são mantidas como garantia de trabalho de titulados de antanho, práticas que não servem para a construção de um ser humano equilibrado entre a formação técnica e humana, só servem para treinar mais monstrinhos, não cidadãos para atender às exigências de uma pátria em transformação.

Em suma é altamente ético em nossos dias conjugar o ensino com tecnologia e a educação com afetividade.

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Hamilton Werneck

Hamilton Werneck

Eis um homem que representa com exatidão o significado da palavra “mestre”. Pedagogo, palestrante e educador, Hamilton Werneck compartilha com os leitores de A VOZ DA SERRA, todas as quartas, sua vasta experiência com a Educação no Brasil.

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