A ética do fazer pedagógico - Parte 2

terça-feira, 21 de junho de 2016

Nas escolas e nas salas de aula há situações difíceis de controlar para se poder definir a questão como falta de ética ou moral. Por exemplo: se algumas questões de avaliação estão acima do nível de dificuldade em relação às aulas ministradas e explicações desenvolvidas, tanto os pedagogos como os supervisores terão problemas sérios para fazer esta identificação.

Torna-se muito difícil estabelecer até onde a dificuldade da avaliação está acima da explanação. Neste caso trata-se de uma questão ética. São os valores que norteiam a visão docente que determinarão a dosagem mais correta para as questões aplicadas na avaliação.

Costumamos dizer que três verbos indicam se a atitude foi ou não ética: quero, posso e devo; se eu quero fazer, posso fazer e devo fazer, seguramente será uma ação ética. Porém, se houver entre eles algum “não”, certamente a ética estará comprometida. Então, se quero, mas não posso; se posso, mas não devo; se devo, mas não quero; certamente a ética estará arranhada.

A base teórica para nortear o trabalho docente será a estrutura de valores e, na sociedade pós-industrial, os valores mudaram muito a ponto de cada atitude envolver tanto situações novas e imprevisíveis, quanto pessoas despreparadas para analisá-las.

Se uma instituição de ensino desejar ter um comportamento ético por parte de seus educadores, docentes ou não, precisará constantemente analisar situações para que os valores possam ser repensados.

A escola anterior à segunda metade do século passado era a escola das certezas. Hoje vivemos a escola das incertezas. Há algumas décadas as escolas e os professores sabiam o que fazer porque os fatos eram previsíveis, as normas eram claras e as atitudes estavam determinadas.

A sociedade mudou, fazendo-nos lembrar de Luís de Camões em seu poema “Tudo muda”: mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda-se o ser, muda-se a confiança. Tudo muda!

Uma atitude ingênua ainda espera que tudo volte ao passado. Uma atitude inteligente encara a realidade e discute internamente quais os comportamentos e atitudes que mais estariam refletindo o projeto pedagógico da escola.

Daí a importância ética do projeto político-pedagógico de uma escola. Ele deve ser adequado ao contexto da escola, precisa estar sofrendo revisões e críticas para se atualizar, não deve ser objeto de outros levantamentos sociais e pedagógicos senão aqueles que envolvem o próprio estabelecimento, seus alunos e suas famílias.

Se uma escola “importar” um projeto, no mínimo não será uma atitude ética pela defasagem entre o texto e a realidade além do não comprometimento da comunidade escolar com as propostas.

Então, por que uma escola segue bem o seu curso acadêmico e, outra, não? Pelo fato de uma ter construído o seu instrumento básico, envolvendo a comunidade escolar e, a outra, apenas cumpriu uma formalidade legal que se apresenta sem vida e sem conexão com o contexto.

Continua na próxima semana.

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Hamilton Werneck

Hamilton Werneck

Eis um homem que representa com exatidão o significado da palavra “mestre”. Pedagogo, palestrante e educador, Hamilton Werneck compartilha com os leitores de A VOZ DA SERRA, todas as quartas, sua vasta experiência com a Educação no Brasil.

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