Educação e sobrevivência

terça-feira, 06 de janeiro de 2015

O Brasil está para votar um novo código florestal na Câmara Federal, dependendo, ainda, da votação no Senado e sanção Presidencial. A Alemanha promete eliminar as usinas nucleares até 2022. Os japoneses estão às voltas com tsunamis e problemas técnicos em Fukushima. A Islândia, mais uma vez, espanta a Europa com uma erupção vulcânica, embora menor que a anterior. 

Diante de tantos acontecimentos, onde está a educação discutindo com os alunos, futuros dirigentes mundiais, as questões de nosso planeta? Parece-me que ela poderá perecer em meio a catástrofes enquanto prepara alunos para o Enem e as várias universidades do país, enquanto ensina equações sem se preocupar com a capacidade dos alunos, mais tarde, equacionarem a vida neste planeta.

Enquanto o Gênesis fala que "Deus tomará o homem e o colocará no jardim do Éden para servi-lo e protegê-lo” (Gn. 2,15), houve um desvio enorme através dos tempos quando "servir e proteger”, na verdade, viraram pilhar e saquear.

Nós estamos numa grande encruzilhada e precisamos discutir nas escolas essas questões. Se quisermos um desenvolvimento semelhante à Dinamarca necessitaremos de cinco terras para produzir os bens e depositar o lixo. Ora, isso é claramente impossível e, portanto, seguir na busca de consumo cada vez maior nos levará ao suicídio.

Uma segunda questão a ser discutida é o que os ecologistas radicais apresentam, quando propõem uma conservação absoluta do meio ambiente que se tornará intocado como se reativássemos os princípios de Frederich Ratzel, nome principal da escola determinista do século XIX. Teríamos de diminuir a população para um número em torno de quinhentos milhões, se levarmos em conta a análise de Marc Halévy em seu livro "A era do conhecimento”, da editora Unesp. Mas, como chegarmos aos números de Halévy? Determinando que de cada cinco casais, apenas um deles pudesse ter filhos? Como seria este sorteio? Ou pior, se matássemos nove crianças em cada dez nascidas, qual seria a reação? Como se vê, diminuir o número de habitantes sobre esta terra não será uma tarefa das mais fáceis. Resta-nos a proposta do mesmo autor há pouco citado: temos, com urgência, de nos reeducar para consumir o que nos for necessário, eliminando os supérfluos que acabam por condenar a terra à morte. 

Trabalhando assim, discutindo temas pertinentes à salvação do planeta, as escolas poderão salvar a era do conhecimento ou "noosfera” que, por sua vez, existe por causa da sociosfera, que se mantém viva porque existe atmosfera. Eliminando-se a última, não teremos a primeira.

 A humanidade confia que a educação seja transformadora como mais uma instância de preparação para o aluno de hoje ser um adulto e administrador responsável do amanhã.


Prof. Hamilton Werneck é pedagogo, escritor e palestrante


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Hamilton Werneck

Hamilton Werneck

Eis um homem que representa com exatidão o significado da palavra “mestre”. Pedagogo, palestrante e educador, Hamilton Werneck compartilha com os leitores de A VOZ DA SERRA, todas as quartas, sua vasta experiência com a Educação no Brasil.

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