Considerações sobre a violência - Parte 4

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Os pais que criam filhos de qualquer maneira e sem responsabilidade entregam-nos à cilada do desemprego futuro e às possibilidades de se libertarem das escravidões em que vivem.

Se um docente sabe e não ensina; ensina e não pratica e ignora e não pergunta é um miliciano desta cripteia modernizada através destes três pecados capitais da pedagogia, segundo o monge Beda.

Gestores que não cuidam das condições de trabalho do magistério, descuram de uma remuneração justa e não avaliam os trabalhos docentes, alimentam o mesmo mecanismo perverso que, aos poucos, dilacera a estrutura intelectual de várias gerações.

O que dizer quando um poder legislativo envia um analfabeto funcional para a comissão de educação? Não seria a afirmativa acerca do descaso com a seriedade que a educação requer?

 Quem não se atualiza, nem ministra uma aula compreensiva para seus alunos acaba sonegando informações preciosas e necessárias para o conhecimento. O ensandecimento na luta contra as cotas raciais e as várias bolsas de estudo concedidas aqui e no exterior para estudantes brasileiros melhorarem o próprio desempenho é outro modo de impedi-los de chegar onde a pátria necessita e requer.

Por fim, a aprovação automática e a reprovação, também automática, configuram cripteias de tocaia espreitando nas encruzilhadas e definindo a quem perseguir com arma mortal.

Esparta não escondia a falta de liberdade e matava os que eram impedidos de conhecer para não prejudicar a estrutura da cidade.

Nós somos de crueldade especial: somos ditadores sofisticados que conseguimos fazer com que nossos súditos cantem o hino da liberdade!

Quando se misturam religiões e interesses de estados surgem violências. Cruzadas contra os mouros, a retomada de Jerusalém, numa tentativa de implantar um reino feudal no oriente, vários tipos de violência diante da imposição da fé.

As inquisições de várias tendências e a violência para manter a segurança dos reinos, estribados em três conceitos: um rei, uma língua, uma religião foram transformando o mundo num palco de lutas e constrangimentos.

Nem a nossa língua pátria escapa a estas situações. Quando o Marquês de Pombal impôs o português, como língua oficial da colônia do Brasil, quem ousasse ensinar outra língua ou mesmo fazer prevalecer o tupi, poderia sofrer prisão ou até a morte. 

TAGS:

Hamilton Werneck

Hamilton Werneck

Eis um homem que representa com exatidão o significado da palavra “mestre”. Pedagogo, palestrante e educador, Hamilton Werneck compartilha com os leitores de A VOZ DA SERRA, todas as quartas, sua vasta experiência com a Educação no Brasil.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.