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Como comemorar o Dia das Mães?
Qualquer advogado dirá que a maternidade é manifesta e a paternidade presumida. Mas, dentro desta ótica, quando se deixa à mãe a identificação do pai, caso este não queira admitir a criança como filho, também pode apresentar dúvidas, sanadas somente com o exame de DNA.
Se a maternidade é manifesta, nada mais natural que comemorar o “dia das mães”. Mas, convenhamos, há situações bem complexas neste caso. Nós temos famílias residindo e trabalhando em outro país até para ajudar no sustento e educação dos filhos. Nesses casos as crianças costumam ficar com tios ou avós. Não há condição de trazer a mãe para esta festa da escola. E se a criança sequer conheceu a mãe, foi achada junto a uma valeta de calçada por um transeunte que ouviu o choro e a socorreu? Ainda podemos nos ater aos casos daquelas mães que doaram os filhos e, estes, residem em outro país. Como lidar com as crianças adotadas, inclusive por um casal de mulheres homoafetivas?
Qual o papel da escola e da sociedade? Todos os casos citados podem ter amparo legal quanto à guarda da criança. Qual a melhor atitude da escola diante de tantas diversidades, antes tratadas de modo diverso, considerando somente as mães oriundas das famílias tradicionais, com um núcleo bem definido de pai, mãe e filhos? A nossa constituição dá à família exatamente esta conotação.
As festas comemorativas do dia dos pais e das mães têm um papel na formação afetiva da criança. Afinal, a escola, apesar de sua atividade acadêmica, deve pensar em instruir com tecnologia e educar com efetividade.
A sociedade muda e as transformações podem ser grandes, afetando toda a vida a partir de suas células estruturantes. Estamos numa era pós-industrial. Quem, de fato, bombardeou a família foi a revolução industrial. Ela tirou mais ainda o pai da presença dos filhos, depois tirou a mãe para trabalhar nas fábricas. Quem não se lembra da pedagogia Waldorff. Ela surgiu pela necessidade de cuidar dos filhos das operárias da fábrica de cigarros Waldorff Astória. Os idosos foram parar nos asilos porque não havia mais quem cuidasse deles. Restavam, às crianças, as creches.
Percebe-se a decadência da convivência dentro da família e, como consequência, a perda dos valores afetivos.
Seria mais desastroso ainda abolir essas comemorações pelo fato da família estar desestruturada e não ser mais uma célula mater da sociedade, como em tempos anteriores ao século XVIII.
Qual a melhor solução? De modo simples e objetivo, creio ser importante manter as comemorações. Como todos nós temos mães biológicas e psicológicas, quando conseguimos juntar os dois numa só pessoa tanto melhor. Em último caso, não havendo a possibilidade de conjugar esses fatores e não havendo a presença da mãe biológica, a escola que deve conhecer o contexto de vida da criança e pode e deve combinar com ela e chamar a mãe psicológica para a festa. A criança perceberá que este importante laço se estreita e terá uma oportunidade de desenvolver um pouco mais a sua afetividade.
Hamilton Werneck
Hamilton Werneck
Eis um homem que representa com exatidão o significado da palavra “mestre”. Pedagogo, palestrante e educador, Hamilton Werneck compartilha com os leitores de A VOZ DA SERRA, todas as quartas, sua vasta experiência com a Educação no Brasil.
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