Colunas
Até quanto faltar é possível?
quarta-feira, 14 de agosto de 2013
Numa fábrica de papelão, quando falta um funcionário na esteira de seleção de material para ser reciclado, os demais ainda conseguem fazer o trabalho.
Numa escola é diferente. Se um professor tiver quatro aulas num turno, divididas por algumas séries, no caso de alguma falta, durante este tempo a coordenação do setor deverá prover alguma outra atividade porque terá quatro turmas sem professor e sem atividade acadêmica. O transtorno é patente e muito maior do que o ocorrido numa esteira de fábrica.
Convivemos, hoje, com situações de faltas de professores, sobretudo na rede pública, além do suportável. A Secretaria de Educação do estado de São Paulo considera uma falta média diária na ordem de 5%. Todos os percentuais de falta acima de 2% provocam grandes transtornos na vida escolar.
Fatores variados corroboram com o aumento das faltas: indisciplina dos alunos que desgasta humanamente o profissional docente, a falta de explicitação das regras de convivência dentro das escolas e a falta de sintonia entre os responsáveis e a própria escola. Há um aumento do estresse e os professores estão, literalmente, doentes.
Se a causa não for atacada, a consequência será cada vez pior e tentar reprimir as faltas incriminando os docentes, sem atuar firmemente em relação ao comportamento dos alunos, nada será solucionado.
Numa escola particular muitos coordenadores usam a estratégia do banco de faltas. Quando alguém avisa que vai ter que faltar, justifica-se verbalmente e a substituição é providenciada. Assim, o faltoso de hoje poderá dias depois substituir quem foi convocado para seu lugar, estabelecendo, na prática, um equilíbrio em relação às faltas reais.
Não há uma norma para estabelecer percentuais aceitáveis. Toda falta cria problemas. Podemos, sim, com criatividade, contorná-las tornando a vida escolar mais equilibrada e séria como uma boa pedagogia exige.
Prof. Hamilton Werneck é pedagogo, escritor e palestrante
Hamilton Werneck
Hamilton Werneck
Eis um homem que representa com exatidão o significado da palavra “mestre”. Pedagogo, palestrante e educador, Hamilton Werneck compartilha com os leitores de A VOZ DA SERRA, todas as quartas, sua vasta experiência com a Educação no Brasil.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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