A Escola de Cristo e a escola dos homens

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Hoje, fala-se na educação moderna, discutem-se leis e métodos que poderiam socorrer os "cansados e oprimidos” da escola dos homens, todavia, os especialistas da educação se esqueceram de estudar e analisar a estrutura e o funcionamento da Escola que Jesus propõe à humanidade.

O Serviço de Orientação Educacional tem funcionado, na maioria de nossas escolas, como delegacia de polícia, para onde são encaminhadas crianças com problema; depois, por falta de pedagogia, são transferidas, expulsas, discriminadas, reprovadas e registradas no rol da evasão.

Cristo fez tudo diferente.

Certa vez, o Mestre estava na Galileia e as crianças, como sempre, o rodearam, porém, os discípulos (agiram como certos chefes de disciplina) ficaram preocupados e começaram e levá-las para longe. Só que foram severamente advertidos: "Deixai vir a mim as crianças” (Lc. 18:16). Nasceu a Escola Infantil!

O conselho de classe de nossas escolas, geralmente, consiste no encontro periódico do corpo docente para "avaliar” o desempenho dos alunos na aprendizagem. É um julgamento apressado. O aluno é culpado por todo tipo de fracasso. Só ele falhou, só ele mora longe, só ele é mal alimentado, não se interessou e não aprendeu. Sob a batuta de "especialistas”, vem o resultado, ano após ano: reprovação em massa. O réu é condenado e, se algum professor "bonzinho” erguer sua voz em defesa, quase é massacrado:

- Você vai aprovar todo mundo?

Cristo fez diferente.

Um dia, Ele estava ensinando, quando "professores, escribas e fariseus” trouxeram a aluna que, segundo eles, havia cometido uma falta grave. Já haviam realizado o conselho de classe e resolveram reprová-la. Uns citavam artigos da Lei de Moisés (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), outros alegavam seu péssimo comportamento social, porém queriam ouvir a palavra final do Mestre. Perplexos, viram quando Ele se dirigiu não a eles, mas a ela: "Vai e não peques mais” (Jo. 8:11).

Jesus criou o conselho de classe para avaliar o processo educacional, onde destaca, sobretudo, o professor. Isto ficou muito claro, principalmente no dia em que Ele criou o processo de avaliação da Escola e se colocou no meio de seus discípulos e perguntou: "E vós, quem dizeis que eu sou?”

Nem seria preciso mais dizer, mas a gente diz. O sistema de recuperação que se implanta por aí, não recupera. Na Escola de Cristo é diferente. O aluno Pedro estava em recuperação e o Mestre preparou-lhe um teste oral, com apenas três perguntas:

- Pedro, amas-me?

- Senhor, tu sabes que te amo.

- Pedro, amas-me?

- Senhor, tu sabes que te amo.

- Pedro, amas-me?

- Sim, Senhor, tu sabes que te amo.

Foi uma prova duríssima, mas Pedro foi aprovado e ainda levou o dever de casa: "Apascenta minhas ovelhas” (Jo. 21:16). Na Escola de Cristo criou-se a recuperação da autoestima. O aluno recuperado recupera a nota!

Os estudantes da Escola Profissionalizante de Cristo saem habilitados como "pescadores de homens”. São líderes empreendedores.

O problema da evasão é tratado com muita firmeza: "Qual de vós é o homem que, possuindo cem ovelhas, perdendo uma delas, não deixa noventa e nove no deserto, e não vai após a perdida, até que a encontre?” (Lc. 15:4). Jesus orava preocupado com a estatística de um aluno perdido na turma de 100. E nós? De cada 100 alunos matriculados na 1ª série do Ensino fundamental, somente oito chegam ao Ensino médio.

Jesus mostrou-se preocupado não só com alunos perdidos, que abandonam a escola, ao contar a parábola da dracma perdida, Ele foi buscar os que se perdem dentro da escola e recomenda:  "Varrer a casa, buscando-o até encontrá-lo” (Lc. 19:5).

Quem fundou a obra educacional de recuperação dos meninos de rua foi Jesus (Mc. 9:42). Ele criou também o Centro de Estudos Supletivos. Havia aulas durante todos os dias da semana: de manhã, de tarde e à noite. Zaqueu, chefe dos publicanos, cobrador desonesto de impostos, fez sua matrícula de cima da árvore e começou a estudar, naquele mesmo dia, em casa (Lc. 19:5). Nicodemos, príncipe dos judeus, preferiu estudar à noite, levando no caderno de anotações as suas dúvidas. Após a primeira aula, levou a resposta de tudo e uma advertência: "Tu és mestre em Israel e não sabes estas coisas?”

Quem primeiro implantou módulos para o Ensino à distância foi Jesus. Os módulos foram escritos por seus alunos e seguidores.

Na Escola de Cristo, estudavam ricos e pobres. Quando fundou a Pedagogia da inclusão, após a aula, curou a todos. Não temos esse poder, todavia, temos o dever de respeitar os deficientes físicos e também a obrigação constitucional de fazê-los parte integrada do sistema educacional (Mt. 15:31-32).

E a merenda escolar? Basta ler a narração bíblica da multiplicação dos pães para responder a pergunta. Todas as vezes em que o Mestre se demorava um pouco mais nas suas aulas, ele mesmo providenciava a merenda (Mt. 14:17; Mt. 15:36; Lc. 15:32).

Jesus sempre trabalhou em equipe, desde as bodas de Caná, até a prova final, na cruz. As perguntas da prova do teste final do ladrão crucificado foram feitas por ele mesmo. Na prova final de Pedro, o Mestre deu-lhe "cola” para colar a orelha soldado romano e assim reparar o seu transtorno de comportamento, quando feriu o soldado romano.

Numa aula, dentro do cemitério de Betânia, todos choravam pela morte de Lázaro e ele mesmo chorou, quando chegou à cidade. Seguido por grande multidão (suas turmas eram enormes), foi visitar o túmulo, mas uma pedra o impedia de ver o defunto. Com seu poder, bastava ordenar e a pedra se tornaria pó. Não! Preferiu trabalhar em equipe: "Tirai a pedra” (Jo 11:39). Aí o Mestre fez a chamada: "Lázaro, levanta-te”. Senão, o cemitério todo se levantaria do túmulo. 

Os alunos da Escola de Cristo são tratados com justiça e igualdade. Judas que tanto lhe perturbou o magistério não foi expulso nem transferido: estudou na sua escola até o fim. Enforcou-se, ou seja, enforcou a maior aula do mundo. 

Cristo implantou a inclusão digital: "Pedro, tudo o que ligares na Terra será ligado no céu.” Providenciou a globalização do ensino: "Ide por todo o mundo”, para que os homens se religassem na Internet divina e navegassem na mídia celestial. E, finalmente, revelou a senha para acessar o Portal da graça: fe@graça.com.Jesus

Ivone Boechat

TAGS:

Hamilton Werneck

Hamilton Werneck

Eis um homem que representa com exatidão o significado da palavra “mestre”. Pedagogo, palestrante e educador, Hamilton Werneck compartilha com os leitores de A VOZ DA SERRA, todas as quartas, sua vasta experiência com a Educação no Brasil.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.