A diferença entre você e a máquina

Já percebeu o que dizem a respeito das pessoas? Basta nascer que você está a 24 horas da putrefação! Você nasce e começa a perder forças até a morte! Coisa mais triste não pode existir. A visão passada por esta mentalidade é a de tratar as pessoas como se fossem máquinas.

Isto acontece com as máquinas. Estas, depois que saem das lojas para as residências ou para as estradas e águas deste planeta, começam a se tornar velhas. Vão envelhecendo e perdendo as forças até serem deixadas em algum ferro-velho.

As ideias pessimistas dizem que nós nascemos e começamos a envelhecer. Outra ideia errada sobre as pessoas.

Vejamos, em primeiro lugar, que somos diferentes das máquinas e de outros animais que já nascem sabendo. Nascêssemos sabendo e não teria graça esta vida porque nada poderia ser trocado, tudo estaria determinado e a criatividade desnecessária. Pelo contrário, como nascemos sem saber, temos a oportunidade de começar a aprender e a descobrir, a inventar, planejar e interferir nos sistemas que nos rodeiam.

Guimarães Rosa dizia que os animais satisfeitos dormem. Nós, pelo contrário, se somos insatisfeitos, estamos sempre acordados e querendo inventar alguma coisa nova. Quando encontramos alguém acomodado e reclamando da vida, certamente estaremos diante de algum contrassenso. Esta pessoa deveria estar feliz exatamente por ser acomodada e pensar em iniciar o seu sono preguiçoso e insensato.

O modo mais apropriado para os dias dos humanos na terra é, exatamente, o contrário do pensamento aplicado às máquinas: quanto mais vivemos, mais experiência temos, mais conhecimento acumulamos e mais transformações podemos aplicar aos meios com que lidamos porque, na verdade, renascemos a cada dia e, não, envelhecemos a cada dia.

Por isso é muito importante pensar que estamos na vida para melhorar, para aprender, para uma renovação constante. Por isso somos gente e não podemos deixar que nos tratem como máquinas!

Prof. Hamilton Werneck é pedagogo,

escritor e palestrante