Altos papos

sábado, 08 de agosto de 2015

Menino para a jovem senhora, vestida de botas, jaqueta e calças jeans:

— Mãe, você vai com essa roupa?

— Que é que tem?

— Tá muito caubói, mãe!

Moça, respondendo ao namorado, que acaba de lhe dizer alguma coisa ao ouvido:

— Se meu pai souber que você falou isso, vai soltar pena igual galinha!

Duas amigas conversando:

— Você parece tão triste! O que houve?

— Estou triste, sim. Perdi hoje uma grande amiga.

E a criança, que está escutando:

— Ela já procurou, mãe? Às vezes ainda acha.

Menino para a mãe, que aperta em seu pescoço o cadarço do capuz:

— Tá me afogando, mãe! Tá me afogando!

Casal parado na calçada, esperando o sinal abrir, ele bem mais velho do que ela:

Ele: — Desde então você está mudada comigo.

Ela: — Impressão sua. Mudei nada não.

Ele: — Você não se conformou ainda.

Ela: — Não vou dizer que não sinto falta, mas dá pra viver sem.

Mulher gordinha, para a amiga:

— Ele diz que vai me trocar por duas magrinhas. Quero ver… Mal dá conta de uma, com duas ia era passar vergonha.

Uma senhora para outra, no banco do ônibus:

— Pelo que o doutor me falou, tô com um módulo no estômago.

A Justiça manda que o colégio informe quais os alunos que não têm o nome do pai na certidão. Três deles estão conversando a respeito:

— Eu não conheço meu pai. Mamãe nunca me contou.

— Eu sei quem é meu pai, na certidão e tudo, mas não gosto dele. Ele tá dum lado, eu passo pra outro.

— Eu também sei quem é meu pai, mas ele nunca me cadastrou!

Mulher, ao saber do desabamento que, em 2010, soterrou mineiros no Chile.

— Vê se paulista faz isso? Mineiro é que é burro de sair do Brasil pra trabalhar no estrangeiro!

Dois velhinhos, jogando damas:

— É probrema ou poblema que a gente fala?

— Aí depende. Pode ser probrema ou poblema. É duas palavra diferente, entendeu?

Mulher, fofocando com a companheira de assento no ônibus:

— Se feiúra doesse, ela vivia gemendo... Se feiúra pagasse imposto, ela tava endividada.

Madame friburguense, voltando de Roma, indignada com o abandono em que encontrou o Coliseu:

— Uma decepção, tudo quebrado! Não sei por que eles não consertam aquilo.

Turistas, após ouvirem do guia que as águas de Caldas Novas são quentes porque teria havido ali um vulcão que, soterrado há milênios, ainda produz o calor que faz ferver a chuva que penetra pelo solo:

— País maravilhoso o Brasil! Onde era pra ser um vulcão, vira parque de águas quentes! Nosso território, além de lindo, não sofre com desastres naturais.

— Mas tem aquela piada. Deus estava fazendo o mundo, e botava furacões num lugar, terremotos em outro, tsunamis pra lá, tempestade de areia cá. Intrigados, os anjos perguntam a Deus: “Senhor, tantos desastres nesses lugares, e no Brasil só coisa boa?” E Deus, mal disfarçando um risinho: “Mas vocês vão ver o povinho que eu vou botar lá embaixo!”

— Imaginem se os alemão ou japoneses fossem donos disso... Ia ser a maior potência mundial de todos os tempos!

— Só que já tinham inventado mais uma guerra. E dessa vez, vencido!  Melhor deixar como está. Deus sabe o que faz.

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Robério Canto

Escrevivendo

No estilo “caminhando contra o vento”, o professor Robério Canto vai “vivendo e Escrevivendo” causos cotidianos, com uma generosa pitada de bom humor. Membro da Academia Friburguense de Letras, imortal desde criancinha.

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