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Sem essa de cheirinho...
Muitos foram os que rebaixaram o Botafogo. Muitos outros foram aqueles que acreditaram em quem rebaixou o Botafogo. Agora quem o rebaixou antes da hora que se rebaixe em sua própria insignificância. Afinal de contas não se rebaixa um Gigante sem que antes lhe dê a oportunidade de reafirmar a sua grandeza. Pobre de espírito e de inteligência quem ainda duvida do peso da camisa do Botafogo. É tão forte a corrente que o próprio botafoguense, por diversas vezes, acaba remando nessa mesma maré. Sem perceber, obviamente. Afinal de contas, a fé e a esperança de quem carrega a Estrela Solitária no peito são inabaláveis.
Em General Severiano não tem essa de cheirinho. Esse mesmo, que inventaram nesses últimos três, quatro anos... E no final virou cheiro de pipoca. Não é difícil que aconteça novamente. No Botafogo existe trabalho! Existe um clube que resiste ás dificuldades financeiras, aos desmandos de recentes administrações, aos erros do departamento de futebol, à falta de planejamento em aspectos fundamentais. O Botafogo teve que se reinventar e se remontar no meio da temporada. Precisou levar sustos para perceber que faltava muito, mesmo tendo sido finalista do Carioca. As mazelas foram maquiadas, e a “inteligência” do clube não as enxergou. Para a nossa sorte, houve a percepção sobre as necessidades a tempo.
Uma só contratação foi capaz de mudar a concepção de time. Camilo joga, não se esconde, chama a responsabilidade, rege o meio-campo. Dita o ritmo, e ainda é capaz de fazer gols importantes, impactantes. Golaços! Fosse ele jogador do “time do cheirinho”, parte da mídia já estaria pedindo sua convocação. No nosso caso não precisa. Já cansamos de emprestar jogadores à CBF. Somos do clube que mais serviços prestou a essa nação em termos de futebol. O Brasil deve muito à essa Estrela.
Apenas esse detalhe já seria o suficiente para se cobrar respeito. Por que o Botafogo não poderia vencer o Cruzeiro no Mineirão? Por conta daquele acaso da Copa do Brasil? Quem acompanha os jogos do Glorioso desde que Jair Ventura assumiu o comando já percebeu a evolução equipe. Contra os sem teto de Minas Gerais, por exemplo, até o 2x2 o jogo estava equilibrado. No tropeço contra o Atlético-PR, no mínimo, merecia o empate. No restante foram vitórias. Jogando bem ou nem tanto, mas sempre de forma organizada, consciente e com vontade.
Por isso, vencer o Cruzeiro no Mineirão era perfeitamente possível. Seria de qualquer forma. Sempre foi! Onde a Estrela for ela vai brilhar forte, e terá condições de ofuscar quaisquer outras cores. Não importa a situação. Com desfalques, Jair Ventura improvisou Emerson Santos na lateral direita, e deu a Diogo Barbosa e Victor Luiz a chance de jogarem juntos, como tanto se cobrou várias vezes na época de Ricardo Gomes. Improvisações e “testes” deram certo. De forma organizada e consciente. O time respondeu com aplicação, disposição e inteligência. Marcas do trabalho de Jair até o momento.
Se há o toque de Camilo, disparada a melhor contratação do Botafogo no ano, também há o reforço de Joel Carli quando consegue ter uma sequência. A tal da sequência também fez muito bem a Neilton e Sassá, que vivem o melhor momento com o manto alvinegro. E Dudu Cearense? Grata surpresa. Talvez o melhor em campo no Mineirão. E quando o torcedor do Botafogo lamentou a saída de Sassá – sim, quem diria! – e temeu pelo rendimento de Canales, o gringo respondeu com um gol importante. O gol que abriu caminho para a vitória, consolidada com mais um pintura de Camilo. Será possível termos uma edição extra do Prêmio Puskas esse ano? Um caso a se pensar...
E assim, o “já rebaixado” Botafogo, aquele que iria acabar depois da segunda queda, renasce mais uma vez. E sonha. Mas sonha com os pés no chão, dentro da sua realidade, sem essa encenação de cheirinho. No lado de General Severiano não é preciso arbitragem, depois do cinco vem o seis e o mundo tem cinco continentes. Não apenas Europa e America. Aqui a tradição começou em 1904, não é algo de 40 anos pra cá. De degrau em degrau, o Glorioso está subindo... Vamos juntos com ele!
Saudações alvinegras, e até a próxima!
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