Rumo ao aeroporto!

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Mesmo pequeno, em 1995, lembro-me de quase tudo. De verdade. Recordo-me, por exemplo, além de todos os momentos da decisão e dos milagres feitos por Wagner, das dezenas de jornais que meu pai comprou no dia seguinte ao título do Campeonato Brasileiro. E também das matérias nos programas esportivos da televisão. Assistindo ao documentário sobre os 20 anos da conquista histórica, antes de Botafogo x América-MG, me emocionei. Chorei e muito, confesso. Pude rever uma das cenas mais marcantes daquele ano e de toda a minha vida: a dos 10 mil alvinegros recebendo o Glorioso no aeroporto, invadindo a pista e subindo no avião. E outros 20 mil aguardando na sede histórica de General Severiano. As lágrimas escorrem de meu rosto enquanto escrevo esse texto também.

Até hoje, com 25 anos de idade, tenho a ilusão de garoto de rever aquela cena. Até assisti algo parecido, bem de longe, quando Seedorf desembarcou no Rio de Janeiro para vestir o manto. Fora isso, dezenove times levantaram a taça de campeão nacional desde então, e aquele momento – nem de perto – foi repetido. E nem vai ser, até que o Brasil seja novamente colorido de alvinegro e iluminado pela Estrela Solitária. Partiremos de novo, rumo ao aeroporto, para saudar outra conquista do clube mais tradicional do país há 111 anos. Não existe amor parecido.

Pelo momento atual do Botafogo pode parecer utopia. Mas como disse Donizete, o Pantera, naquele documentário, ser botafoguense é acreditar, não desistir nunca. Amar sempre e ter eternamente o sangue preto e branco nas veias. É desafiar o impossível e sempre duvidar do óbvio. Sábado, no Independência, todos os escolhidos acreditaram. A vitória contra o ABC, no meio de semana, aliviou a tensão, mas não diminuiu a responsabilidade. Uma derrota poderia até mesmo tirar o Botafogo do G-4 (até momentos antes do jogo, pois os resultados anteriores impossibilitaram que o alvinegro terminasse o primeiro turno fora do grupo dos quatro primeiros).

O Botafogo assumiu essa responsabilidade, e mesmo sem ser brilhante, foi Botafogo. A começar pela arquibancada, onde a torcida do Glorioso compareceu em peso e cantou 90 minutos! Empurrou o time até mesmo depois que Serginho falhou duas vezes, ao dar condições na jogada e chegar atrasado na marcação do jogador que fez o gol dos mineiros. 

Mas... aqui é Botafogo. E quem ousa desafiar essa camisa é louco. E logo a camisa seis. O adversário provocou Carleto, que veste o manto eternizado e assinado por Nilton Santos, e já usado também por Marinho Chagas. Aquele mesmo que, certa vez no Maracanã, calou a torcida do Flamengo – que provocava – com uma cobrança certeira de falta certeira. Guardadas as devidas proporções, Carleto mostrou ao insignificante jogador rival que não se pode brincar com o Gigante. Quando ele desperta é difícil de segurar.

O gol de empate recolocou o Botafogo no jogo. O primeiro tempo terminou equilibrado, e Ricardo Gomes corrigiu os erros no intervalo. Abriu os meias pelas pontas, e o alvinegro voltou melhor para a etapa final. O treinador acertou novamente ao colocar Elvis, que em uma de suas primeiras participações, serviu Neilton. E não me levem a mal... Ele veste o número Sete (maiúsculo sim senhor)! Simplesmente o manto de Tulio, Garrincha e tantos outros. Já era! 

Normal o Botafogo ter recuado. A camisa é forte, mas o time é limitado. Mas estávamos tranquilos, garantidos debaixo da meta pelo melhor goleiro do Brasil. Jéfferson se deu até mesmo ao luxo de errar uma saída de bola. Algo raro. Mas o bom goleiro tem sorte, assim como o time que deseja atingir o seu objetivo. Festa do Botafogo no estádio Nilton Santos! Ou melhor... no Independência. A presença marcante e a festa da torcida, por vários momentos, me deixaram confuso.

E domingo que vem... é hora de ser novamente Botafogo! Em dia e horário de série A, para começarmos a ensaiar para 2016. Estreia do novo uniforme no templo de nome Nilton Santos. É pra lotar, vestir a camisa, cantar e vibrar. Colocar em prática esse sentimento que apenas cresce a cada dia. É como um casamento, na alegria e na dor, na saúde e na doença. Para sempre! Para além do sempre! Quem nasce botafoguense nasce eterno, iluminado pelo brilho de uma Estrela que ninguém - repito: NINGUÉM! - será capaz de apagar.

Rumo ao aeroporto, em breve, eu fico por aqui. Saudações alvinegras, e até domingo no Niltão!

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