Ressurreição...

sexta-feira, 14 de abril de 2017

É Páscoa. Um dos períodos mais importantes para o Cristianismo, onde se envolve todo o mistério da fé que permeia tal crença religiosa. O renascimento, a ressurreição de Cristo. Na vida ressurgimos a cada queda, levantamos a cada tropeço e seguimos. No futebol, o Botafogo, talvez, seja a melhor representação da simbologia que envolve o período Pascal. Com todo o respeito ao cachorro, que tão bem representa e marca a gloriosa trajetória, o alvinegro é a materialização da mitologia da Fênix. Sem apoio de mídia ou dinheiro. Apenas com o respaldo de sua própria história. E apenas quem é Gigante possui a capacidade de se reinventar tantas e tantas vezes ao longo de mais de 100 anos. O Botafogo é capaz. Como nenhum outro é. Como nem o próprio botafoguense, talvez, acredite.

O Botafogo já “acabou” inúmeras vezes para boa parte da crítica e imprensa, já teve o futuro questionado e sofreu com ironias dos mais diversos tipos. Do “prestes a fechar as portas” ao “não sobe”, do “já está rebaixado” ao “não vai à Libertadores”, do “não passa do Colo-Colo” ao “não passa do Olímpia”, o alvinegro chegou ao “impossível vencer o Nacional na Colômbia”. Um caminho árduo, repleto de desafios e espinhos, mas até aqui doce. Sem alusão ao “chocolate” que parte da mídia projetava para o jogo em solo colombiano. Até chegar à Batalha de Medellín, voamos no avião de Pimpão algumas vezes, pedalamos com Roger e derrubamos times tradicionais. Então por que seria impossível?

Olhei para o retrospecto. O Botafogo jamais perdeu para o referido time. Parte da imprensa, muitas vezes, priva o grande público da história como ela verdadeiramente aconteceu. É como um livro de 300 páginas, onde apenas as 30 convenientes são contadas. Mas o tour alvinegro pela América e o reconhecimento ao tamanho do clube, em cada canto, obrigam que as outras 270 sejam mostradas. E nelas há uma trajetória que não se compara. Escrita com requintes de glórias, alegrias, decepções, acasos e fases. Diversos títulos internacionais, com pelo menos quatro deles tendo potencial de reconhecimento pela FIFA. Diversos renascimentos. Inúmeras ressurreições. Ao que parece, um novo capítulo como este começa a ser escrito.

No caminho de mais uma ressurreição, os atletas que hoje vestem uma das camisas mais pesadas do futebol mundial também ressurgem a todo tempo. A começar pela defesa, com a grande atuação de Emerson Santos. Colocado de lado por conta dos imbróglios envolvendo a renovação de contrato (corretamente, na opinião deste que vos escreve), superou a falta de ritmo e fez ótimo jogo. Renasceu na briga por espaço no elenco. Talento ele tem.

Falar sobre Carli é redundante. Com o atual capitão em campo a consistência defensiva é outra. Sem deixar de destacar Emerson Silva, que renasce depois de tantas críticas no ano passado. João Paulo, por outro lado, não precisou renascer, mas buscar espaço. A cada participação, mostra que será uma peça importante para a temporada. Preciso nos passes e taticamente impecável.

Mas talvez a verdadeira personificação da fênix deste time, no momento, vista a camisa 10. Não pela atuação na Colômbia, ainda muito abaixo do que dele se espera, mas por todo o contexto criado na última semana. Houve quem apostasse no fim da trajetória de Camilo no Botafogo. Especularam, falaram inúmeras coisas sobre a conversa que teve com o Jair. Contudo lá estava ele em Medelín, presente no lugar certo, na hora exata, para receber o cruzamento preciso de João Paulo e abrir caminho para a vitória. Que este possa ser o pontapé inicial para a recuperação do bom futebol. A favor dele, o fato de estar no clube acostumado a renascer. Basta se inspirar nas cores que veste.

De execrado no Grêmio à oportunidade no Botafogo, Guilherme evolui. E renasce para o futebol. Tem entrado bem durante as partidas, já havia feito boa apresentação no clássico das semifinais da Taça Rio e, enfim, balançou as redes. Decretou os 2x0. Em paralelo, mais um recomeço para Sassá. Há ainda espaço para os retornos de Jéfferson e Luis Ricardo, que irão ressurgir depois de lesões graves. Tudo dentro do mesmo contexto, compondo um grupo que acompanha e faz jus à trajetória do clube ao qual representam.

Desta forma, caros leitores, o Botafogo segue quebrando escritas e preconceitos, contrariando críticos e cavaleiros do apocalipse. Que assim continue. O Glorioso não quer favoritismo, apenas respeito. E quem não quiser respeitar por espontaneidade será forçado a se render à entrega deste grupo. Dá gosto. Dá orgulho.

O verdadeiro Gigante, que nós cobrávamos ainda em 2015, saudosos, durante um momento complicado da história do clube, está finalmente voltando. E forte. Para corrigir o desencontro de datas e prioridades. Para Libertar. Libertadores são aqueles que hoje vestem a camisa alvinegra. Que ressurgem a cada batalha, de forma surpreendente, de forma botafoguense. Como só o Glorioso sabe fazer. Eles são os atuais campeões da América. Respeito e admiro toda a solidariedade e receptividade com os brasileiros, inclusive com a nossa torcida na Colômbia. Mas eu sou um dos 12 maiores clubes de todos os tempos (FIFA). Sou Botafogo!

Bom feriado e boa Páscoa, mais doce para nós graças ao Glorioso! Saudações alvinegras!

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