Pesos e medidas em busca da série A

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Sim, eu concordo. Perder por 4x2 para o Macaé, em quaisquer circunstâncias, é vexame. Não condiz com a grandeza do Botafogo, nem mesmo com o que esse atual time — embora existam evidentes limitações — pode jogar. O detalhe é que não jogou. Nem no último sábado, no Moacyrzão, tampouco na partida anterior contra o Boa Esporte, no Engenhão. Talvez o primeiro momento de instabilidade na caminhada de retorno à elite do futebol brasileiro.

Existem pesos e medidas numa disputa de Campeonato Brasileiro da Série B. O peso da camisa do Botafogo é diferente da “medida” do elenco. Sempre, em qualquer análise sobre o Glorioso de 2015, é preciso esquecer um pouco a representatividade do clube. Ela é importante fora de campo, claro, e acontece de forma natural. Mas o exagero e as cobranças além do limite imposto pelo momento vivido pelo Botafogo podem atrapalhar mais do que ajudar.

O pior, acredito, já passou. O rebaixamento em 2014 consumou um ano desastroso, e colocou em xeque o futuro do clube. Existe um norte a partir desse trabalho de reconstrução, que envolve diretoria e comissão técnica. E precisa envolver e ter a compreensão e apoio da torcida. Não é dizer que esteja proibido cobrar, principalmente depois de um vexame como o do último sábado. Camisa por camisa, a nossa é uma das 12 mais pesadas de todos o planeta, segundo a Fifa. Portanto, na teoria, não existe adversário para o Botafogo na série B. No entanto, na prática, os 11 jogadores escalados por Renê Simões não estão em um nível tão superior quanto a grandeza do clube sugere. Existe um cenário extremamente desfavorável que precisa ser remontado. E o primeiro e fundamental passo é o retorno à primeira divisão em 2016.

O que eu quero dizer como tudo isso? Explico, embora tenha a certeza de que muitos vão discordar. O Marcelo Mattos é craque? Longe disso. Mas nos dois jogos sem a presença dele, o meio-campo perdeu pegada e a defesa desarrumou. O volante deixou o clube por questões financeiras, claro, mas a torcida cobrava forte. Assim como penso serem exageradas as cobranças ao Bill. Depois que Renê Simões o tirou contra o Macaé, o Botafogo não ameaçou mais. Gostaríamos, lógico, de ter no comando de ataque um jogador do nível de Túlio Maravilha ou Dodô. Mas o momento não permite. E, para a série B, o Bill é suficiente — apesar de viver um mau momento. O Luis Ricardo foi uma avenida, Andreazzi e Fernandes desastrosos, a defesa não se encontrou pelo alto e o Renan falhou no quarto gol do Macaé. Mas esse é o elenco que temos para escrever um dos capítulos mais importantes da nossa história. O final não pode ser dramático. É necessário que seja feliz. Não é se contentar com pouco, mas acontece que a sobrevivência do Botafogo depende desse time.

Acidente de percurso superado, sigamos em frente. O próximo desafio é o Sampaio Correa, possivelmente com o melhor goleiro do Brasil de volta à meta e Carleto na esquerda. Sem Gilberto, que além de ter sido expulso, disputará o Pan-Americano com a Seleção Brasileira. Exceto Jéfferson, os nomes que citei neste texto estão longe das nossas tradições. Mas é bom não esquecer: existem pesos e medidas numa campanha de retorno à elite...

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