O time de uma nota só...

domingo, 20 de março de 2016

“Eis aqui este sambinha feito numa nota só.” Eis o time de Ricardo Gomes, que parece ser feito de uma nota só. Bem arrumado, com identidade e muita disposição. Joga de forma correta, geralmente balança as redes e dificilmente sofre um gol. Disposição não falta... Qualidade talvez. O Botafogo não faz muito e reconhece que não tem condições para isso. Faz o suficiente e não tem vergonha. Os resultados mostram que, por enquanto, a estratégia é acertada. Dá para o gasto. Quano precisou do algo mais, a camisa pesou. Que assim continue.

“Outras notas vão entrar, mas a base é uma só.” Contratações virão, segundo o presidente. Mas a base do Botafogo é uma só. É a própria base. Diante do Madureira, cinco jogadores formados no Mais Tradicional do país terminaram a partida. Ponto positivo. A música transcorre neste ritmo, mas outras notas precisam entrar. Há melodia, mas o refrão ainda não empolga.

“Esta outra é consequência do que acabo de dizer. Como eu sou a consequência inevitável de você.” A paciência deve acompanhar a racionalidade. Pois a limitação é a consequência inevitável de você, poder de investmento. Ele é curto, ao contrário das dívidas que se acumularam ao longo dos anos. Ainda assim, acima de qualquer suspeita, sobrevivemos. 

“Quanta gente existe por aí que fala tanto e não diz nada, ou quase nada. Já me utilizei de toda a escala e no final não sobrou nada, Não deu em nada.” Não precisamos falar, debater, ou mesmo dar atenção a quem tenta discutir o indiscutível. Tanta gente questiona o Botafogo sob vários aspectos, mas no fim das contas as histórias do futebol brasileiro e mundial fazem escala em General Severiano. E não sobra nada. Não dá em nada. Desacreditado, o Glorioso está invicto no campeonato carioca. Não encanta, mas não deixa a desejar. Cumpre a sua missão até o momento. Existe um norte a ser seguido.

“E voltei pra minha nota como eu volto pra você.” Voltando ao jogo contra o Madureira, dá para destacar a boa participação do Bruno Silva, não só pelo gol, mas pela participação. A defesa segue firme com Carli e Emerson, e Salgueiro evolui. Ribamar torna-se uma peça importante, assim como Airton. Gegê é regular, mas Lindoso... Bem, dá pro gasto até aqui. Diante do Madureira, o Botafogo foi o Botafogo de Ricardo Gomes: simples, concentrado, disposto, minimamente organizado e preciso. Nada encantador, porém nada desesperador.

“Vou contar com uma nota como eu gosto de você.” Ah, Botafogo! Quando você joga nada mais importa! O dia, o horário, o adversário. Quando o preto e branco está em campo a vida ganha um colorido diferente, os problemas da vida pessoal somem. Embarcamos em uma viagem dentro das quatro linhas, junto com os 11 que ali estão representando cinco milhões de apaixonados. A vida ganha um colorido do nosso jeito, em duas cores, em um só sentimento. Uma só Estrela. A Solitária. Apenas ela. Só existe ela na constelação do escolhido. Graças a Deus!

“E quem quer todas as notas: ré, mi, fá, sol, lá, si, dó.” Eu não quero todas as notas, e nem precisa ser campeão invicto. Quero apenas voltar a ser o Botafogo, a disputar os grandes títulos. Passou da hora de pintarmos novamente o Brasil com o alvinegro que desde sempre colore o Rio de Janeiro. O preto e o branco que compõem os capítulos mais importantes também da história verde e amarela. Todas as notas passam pela estrada dos louros, e são clareadas pelo facho de luz. O caminho para a reconstrução é longo, mas apesar do cenário político conturbado no clube, essa diretoria merece um voto de credibilidade. O time também, embora o apoio não possa ser confundido com conformidade. É preciso reforçar e evoluir. Mas sendo herói em cada jogo, conseguiremos reunir o ré, mi, fá, sol, lá, si, dó em um só canto, aquele mesmo que começa com a dupla repetição da palavra mais bela da língua portuguesa: Botafogo, Botafogo...

“Fica sempre sem nenhuma, fique numa nota só.” O Samba de uma Nota Só, do mestre Tom Jobim! Combina com o momento do clube de uma Estrela só. A inconfundível Solitária, que traduz e carrega a história do clube Mais Tradicional do Brasil.

Seguimos o nosso caminho, ainda invictos em 2016. “Não podes perder, perder pra ninguém.” Até a próxima!

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