O silêncio que ensurdece...

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Amigos alvinegros, confesso que ainda não engoli a nossa eliminação na Copa do Brasil. Além do prejuízo técnico e financeiro, existe o prejuízo moral. E esse dói de verdade. Depois do apito final, o torcedor do Botafogo, incrédulo com o que acabara de assistir, sequer teve forças para vaiar. Um silêncio ensurdecedor tomou conta do estádio Nilton Santos.

E esse barulho inaudível esteve visível de forma gritante no rosto dos pouco mais de 7 mil presentes ao templo (a torcida do Vasco colocou menos de três mil contra o America-RN. Alguém leu ou ouviu alguma crítica por parte da imprensa? Se fosse o Botafogo...). Em hipótese alguma o Nilton Santos pode ficar em silêncio depois do final de um jogo que envolve o Glorioso. Primeiramente porque o personagem que dá nome ao estádio fez parte de um time que encantou o mundo. Fez arquibancadas torcerem, vibrarem, gritarem. Garrincha, o maior de todos, companheiro do Enciclopédia, fez o povo sorrir, gargalhar em uma partida de futebol.

No dia em que o jogador do Botafogo realmente perceber o que isso significa o Niltão jamais terminará um jogo em silêncio. Não dá para admitir que NINGUÉM lute mais que o Glorioso em sua casa. Espero que os reforços uruguaios, Bazallo e Navarro, tenham essa compreensão. Às vezes, a camisa parece pesada demais para a mediocridade de quem a veste. Resultado: mais uma eliminação patética da Copa do Brasil no Rio de Janeiro.

Providências imediatamente foram tomadas. Quero deixar claro que sou contra a demissão de um treinador durante a temporada. Mas existem casos em que se justifica. Querem um exemplo? Quando o técnico, em sete meses de trabalho, não consegue dar padrão de jogo ao seu time. Eis Renê Simões, que mais uma vez, como em todos os outros trabalhos que desenvolveu, deixa o cargo alegando ser injustiçado. Será? Com qual currículo ele vai defender a sua tese? O dele? Não, caro Renê. 

Os botafoguenses engoliram – com muito esforço, é verdade – o vice do Carioca, com o pretexto de que o time estava em formação. Tudo bem. Vida que segue. Mas um clube da grandeza do Botafogo não pode ser goleado pelo Macaé, perder para o Bragantino, empatar com o Boa e ser eliminado pelo Figueirense, em casa, na Copa do Brasil. Pergunto a você, Renê: qual a desculpa agora? O seu Botafogo foi um time que conseguiu se superar jogando no limite físico. Quando o cansaço predominava, as limitações e a desorganização ficavam evidentes. Vide o gol do Figueirense, quando apenas Renan Fonseca marcava dois atacantes adversários na grande área, aos 46 do segundo tempo e com o placar a nosso favor. Isso não acontece com um time consciente e organizado.

O novo treinador não vai ter um elenco como o do Barcelona em mãos. Mas precisa entender que aqueles jogadores carregam no peito um escudo que pesa tanto quanto. Basta ele olhar o ranking dos 12 maiores clubes de todos os tempos da FIFA. Dentre outros, lá estão Real Madrid, Bayern, Barcelona, Boca Juniores, Santos e Botafogo. Um Gigante desse porte não pode pensar pequeno. Exigir que sejamos o verdadeiro Glorioso, neste momento, é impossível pelas limitações técnicas e principalmente financeiras. Queremos apenas o mínimo de respeito a uma das mais belas histórias do futebol mundial.

Os novos capítulos começaram a ser inscritos com o primogênito de um craque no comando. Jair Ventura, filho do grande Jairzinho, comandou a equipe contra o Náutico neste sábado. Um pena que não pôde escalar o pai. Mas parece, ao menos, ter passado o verdadeiro espírito de Botafogo aos jogadores. Se tecnicamente a equipe foi mal, ao menos lutou. Não podemos exigir muito mais do que isso do atual elenco. Mas acredito ser o suficiente para o acesso. O gol de Lulinha coroou a luta dos garotos e a ousadia do treinador, ao terminar o jogo com três atacantes. Levamos uma bola no travessão, é verdade. Mas os Deuses do futebol premiam a vontade de vencer, e costumam castigar a incompetência e a covardia. Assim, o jogo terminou com o barulho do canto mais sincero e apaixonado do futebol brasileiro...

A luta continua, e agora, sem Rodrigo Pimpão. Com todo o respeito e reconhecimento à boa fase do atacante, apenas Jéfferson é insubstituível no atual Botafogo. Quem já teve Garrincha vestindo a camisa sete não pode lamentar a ausência de Pimpão. Com todo o respeito, repito. A questão é a mesma levantada com a perda de Marcelo Mattos, Bill e Jóbson: teremos reposição? Pela movimentação da diretoria, parece que sim. Então, Pimpão, obrigado pelo esforço, pelos gols e pelos cerca de 800 mil reais que você vai render ao Glorioso. Uma bela valorização para quem era reserva do America-RN ano passado, não?

Aqui é Botafogo. E a instituição é maior do que qualquer um. Queremos apenas respeito, para que episódios como o da Copa do Brasil não aconteçam novamente. De resto... Pouco importa o resto. Nós, os escolhidos, vestiremos SEMPRE, com muito orgulho, a pesada camisa alvinegra com a Estrela Solitária no peito. Em quaisquer circunstâncias!

Até a próxima, e saudações alvinegras! 

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