O que faz do Botafogo diferente?

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Amigos alvinegros... Confesso que não está fácil passar dias e mais dias, semanas sem ver a estrela mais brilhante do futebol mundial em campo. A saudade aperta, e um vazio impossível de ser preenchido invade o coração dos milhões de escolhidos. Quando o Botafogo joga nada mais importa. Como certa vez escreveu Vinicius de Moraes, a formação da identidade de uma pessoa passa, também, pela eleição de um time de futebol. O botafoguense, de fato, é diferente. Não se trata de uma paixão, mas de uma senha para a cidadania. Torcer pelo Botafogo ensina muitas coisas a respeito da nossa própria vida.

Vencendo ou não, conquistando títulos ou em jejum, não importa. O sentimento Botafogo move a existência de cinco milhões de pessoas. Os momentos difíceis apenas reafirmam todo esse amor que jamais será calado. Numa breve analogia com as nossas vidas, o Botafogo seria a maturidade para aceitar que tudo é perfeitamente imperfeito; todos os problemas são incompreensivelmente compreensíveis; todos os obstáculos, quando mais parecerem insuperáveis, serão vencidos. O Botafogo é a certeza de que, apesar de todas as incertezas, não há nada errado. Aqueles que desafiam a lógica menos lógica existente é que está equivocado.

Pode parecer confuso, mas o Botafogo não é simples. A vida não é simples. E essa complexidade move o mistério preenchido pela fé. Acreditamos, sonhamos com situações que talvez ainda demorem a se concretizar. Mas o simples fato de viver as ilusões que qualquer paixão proporciona torna o alvinegro diferente. Qualquer outro clube poderia ter a maior torcida, ser o maior campeão de um campeonato ou outro, dependendo de circunstâncias perceptíveis ou não pela maioria das pessoas. Mas nada, ninguém, jamais, poderia substituir o Botafogo.

Sinceramente... Eu lamento por todos aqueles que jamais terão a oportunidade de bater no peito e dizer: “eu sou alvinegro!” Eles nunca poderão entender o que é um amor de verdade, incondicional, e serão felizes apenas com títulos. Conquistas o clube tem aos montes - somos tricampeões do mundo, embora ainda não oficialmente reconhecidos -, mas o que torna o Botafogo gigante vai muito além da nossa sala de troféus. Vai muito além da lógica, de uma explicação plausível ou técnica. É a loucura, a persistência, a fibra, a vontade, o amor de sua gente. Anônimos ou famosos, botafoguenses, alguns deles, descrevem o que é carregar a Estrela Solitária no lado esquerdo do peito:

“O Botafogo tem tudo a ver comigo: por fora, é claro-escuro, por dentro, é resplendor; o Botafogo é supersticioso, eu também sou. O Botafogo é bem mais que um clube – é uma predestinação celestial. Seu símbolo é uma entidade divina. Feliz da criatura que tem por guia e emblema uma estrela. Por isso é que o Botafogo está sempre no caminho certo. O caminho da luz. Feliz do clube que tem por escudo uma invenção de Deus”, Armando Nogueira

“O Sr. sabe lá o que é um choro de Pixinguinha? O Sr. sabe lá o que é ter uma jabuticabeira no quintal? O Sr. sabe lá o que é torcer pelo Botafogo?”, Vinícius de Moraes

“Sabe de uma coisa? Eu não gosto de futebol, gosto é do Botafogo”, Lúcio Rangel, jornalista

“Assim é o botafoguense. Ele não sofre, se purifica. Os invejosos desafiam, dizem que nós somos poucos. Equívoco; Somos relíquias. E preciosidade não se encontra às pencas no boteco da esquina.” (Autor desconhecido)

“Ser Botafogo é escolher um destino e dedicar-se a ele. Não se pode ser Botafogo como se é outro clube: você tem que ser de corpo e alma”, Mário Filho, jornalista brasileiro

“Camisa do Botafogo não se veste. Tem-se a honra” (Autor desconhecido)

“Tenho pena daqueles que, por infelicidade do destino ou desvio de caráter, não são como nós, Botafoguenses. Deve ser muito triste!”, João Moreira Salles, cineasta

“Torcer por time de massa é como ler apenas best seller… Deus nos livre desse pesadelo! Jamais seremos Sidney Sheldon! Somos mais refinados. Às vezes somos Kafka, às vezes somos Borges e, por outra nos transformamos num soneto de amor do Vinícius. Aprendemos que a agonia sempre aumenta o êxtase”, João Moreira Salles, cineasta

“Quando as pessoas me perguntam o que faço, apenas respondo: Sou Botafoguense. Nas horas vagas, eu trabalho”, Johnny Di Botafogo

“Quando o Botafogo ganha, a alegria vem com uma intensidade muito maior do que a dos outros times. Foi assim em 1989, quando o Rio viveu uma explosão de alegria que só se compara, em intensidade, à tristeza com a perda da Copa de 1982”, João Moreira Salles, cineasta

“É fácil torcer pelo flamengo, pertencer à maioria. Ser Botafogo, não: desde a escola, é uma afirmação de identidade. Significa ter opinião própria, não seguir a moda. Por isso, acho que o torcedor do Botafogo é um torcedor de fibra moral. Ser botafoguense te ensina muitas coisas a respeito da vida”, João Moreira Salles, cineasta

“Gosto de muitas coisas na vida. Mas, das coisas que eu gosto muito, a que eu mais gosto é o Botafogo”, João Moreira Salles, cineasta

“A gente não banaliza a vitória; a vitória é uma coisa muito rara – e, quando ela acontece, eu duvido que alguém sinta a alegria de um botafoguense. A felicidade que eu senti quando o Botafogo foi campeão em 89, depois de 21 anos, eu duvido que algum torcedor de futebol sinta igual. Isso justifica minha paixão pelo time pelo resto da vida, mesmo que ele nunca mais ganhe nada”, João Moreira Salles, cineasta e um apaixonado pelo Botafogo

“Eu seria Botafogo mesmo se ele não existisse”, Lorismario Simonassi, cientista, Goiânia-GO

“O lindo de jogar no Botafogo é que nunca é fácil, é sempre sofrido. Só quem está aqui sabe o que é jogar no Botafogo”, Loco Abreu

Saudações alvinegras! Um ótimo 2016 a todos!

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