O nosso Loco amor...

domingo, 18 de outubro de 2015

Como de costume, acordo e logo vou dar uma conferida nas redes sociais. Não só pela questão profissional, mas também para me inteirar das informações e acontecimentos. Ao abrir uma dessas redes no último sábado, logo cedo, pela manhã, me deparo com uma foto de Loco Abreu. Ele, e sua famosa pose “parado na esquina”, após mais um gol marcado contra o Flamengo. Foram muitas as homenagens pelo aniversário de 39 anos do uruguaio. E claro, na mesma hora acessei o vídeo da histórica cavadinha, que tirou o nosso fôlego duas vezes em menos de um minuto: na viagem da bola e na comemoração pelo gol do título estadual de 2010. O meu sábado começou saudoso, diferente, especial. Loco!

Quem não foi escolhido para torcer pelo Botafogo jamais vai entender. Esses momentos valem muito mais do que qualquer um daqueles objetos batizados como “troféus”. É lamentável se considerar o maior do país porque pensa possuir mais objetos de certos torneios que os outros. Sim, eu disse achar porque o ABC (pasmem!) tem mais estaduais, o Palmeiras mais nacionais e o São Paulo mais Libertadores e Mundiais (também temos três... E sei que alguns membros da diretoria alvinegra lêem essa coluna: vamos correr atrás do reconhecimento para acabar com essa mentira que existe desde 1981). Enfim... o que faz de um clube gigante é a sua história, a sua representatividade e o respeito conquistado ao longo de mais de 100 anos.

Quem vive o Botafogo sabe: a nossa história é apaixonante. Começa com o capítulo das crianças, em uma sala de aula, passa pela Alegria do Povo, pelas páginas de uma Enciclopédia e é eternizada diariamente por milhões de brasileiros. Na capa deste livro Glorioso, uma Estrela Solitária, que parece se multiplicar em outras centenas de estrelas: os nossos ídolos. Um deles, Loco Abreu, citado no início do texto, compõe a parte celeste da constelação. E num dia de nostalgia e reverência ao eterno camisa 13, torna-se impossível não traçar um paralelo com Navarro.

A primeira atitude do atual nove, assim que vestiu o manto, foi dizer que se tratava de uma das camisas mais pesadas do futebol mundial. Ao entender a responsabilidade que teria, já ganhou pontos com a torcida alvinegra. Lembro-me de Loco, e sua célebre frase: “pra jogar no Botafogo tem que ter C...” O sangue uruguaio parece ferver, como em um dos mais belos cânticos dos botafoguenses, e isso contagia. Loco chegou num momento não muito positivo, logo após a perda de três cariocas consecutivos para a arbitragem. E transformou a desconfiança do alvinegro em esperança; a expectativa em felicidade.

Navarro também chegou num momento não muito bom. O Botafogo havia perdido o estadual, iniciado bem o Brasileiro da série B, mas a saída de alguns jogadores e a perda do padrão de jogo (se é que em algum momento a gente teve no primeiro semestre) pareciam anunciar que o Glorioso sofreria desnecessariamente para retornar à primeira divisão. Com inteligência pra jogar, gols e entrega, Navarro foi um dos responsáveis pela arrancada do Botafogo depois da turbulência (temos que reconhecer também que Ricardo Gomes deu uma arrumada na casa). Assim como Loco, devolveu a esperança ao torcedor, quando a desconfiança imperava em General Severiano.

Abreu, com a sua simpatia retocada por uma boa dose de sinceridade e, convenhamos, frieza em alguns momentos, ajudou na recuperação da auto-estima do botafoguense. E digo mais: é o responsável pela escolha de milhares de pequenos de alvinegros, que consolidaram a paixão exatamente pelo brilho e representatividade do uruguaio. Navarro, ainda longe, claro, parece trilhar o mesmo caminho. El Chino faz gols daqueles típicos da expressão “de quem sabe”. 

Imagino eu se aquele peruano (sim, amigos... um país completamente inexpressivo no cenário sul-americano) tivesse marcado dois gols como os de Navarro contra o Bragantino. Ou então tivesse carimbado o travessão num lance de pura categoria, como fizera o atacante botafoguense. Teríamos que aturar um mês desse rapaz nas capas dos principais jornais do Rio. Todos eles apoiadores da conveniência, que sobrevivem de mentiras e manipulação da grande massa. Ainda bem que a nossa capacidade de raciocínio não se limita apenas ao que é vendido.

A vitória contra o Bragantino, no dia do aniversário de Abreu, com show de Navarro e da torcida (que apoiou os 90 minutos) é simbólica. Atuação de time grande, como é Botafogo, sem dar chances a um adversário inexpressivo. Agora sim, podemos dizer, como todas as letras, que o Gigante está voltando. O público melhorou (apesar de ainda estar longe do ideal), o time dominou o adversário, se impôs e não deixou dúvidas que não está em seu devido lugar. Esse é o Botafogo que nós conhecemos e somos apaixonados. O nosso Loco amor, recheado de histórias e coincidências, nos levará novamente aos tempos de glórias.

Gostaria de encerrar a coluna desta semana no ponto final acima. Mas não poderia deixar de citar o caso Jéfferson. A sua Seleção, capitão, é o Botafogo. A história da Seleção Brasileira se confunde com a nossa. Azar de quem não enxerga. Aliás, Jéfferson, não resta dúvidas de que você é o melhor goleiro do Brasil. Já o Dunga... quem é? É treinador? Está na Seleção por que? Qual currículo? Aliás... quais os interesses em escolhê-lo para dirigir o Brasil? Eu acho que a barracão do Jéfferson responde por si só. Dunga é covarde e interesseiro. Marionete de dirigentes que estão afundando o futebol brasileiro com a criação de ligas, divisão absurda das cotas de televisão, prioridade para meia dúzia clubes na mídia e tantas outras ações estúpidas e inadmissíveis. É até bom, Jéfferson, que você não esteja na meta representando e compactuando com essa vergonha. Vêm mais gols da Alemanha por aí. Dentro e fora de campo.

Saudações Alvinegras! Estamos voltando pra casa...

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