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O Enem alvinegro
Caros alvinegros... Enquanto assistíamos ao passeio do Botafogo na Arena Pernambuco, no último sábado, 24, milhões de brasileiros finalizavam o primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio. Dentro desse contexto, e ainda comemorando a grande atuação de Sassá – salve ele! Criticado, limitado, é verdade, mas decisivo em momentos importantes dessa série B -, comecei a imaginar e especular: e se a atual fase do nosso Glorioso fosse tema de uma prova do Enem com sete (o número mais importante dentre todas as combinações possíveis) questões discursivas? Qual seria o conteúdo e a nota dos botafoguenses? Convido vocês a viajar comigo. E deixo claro: as respostas abaixo não são o gabarito do teste. Vocês, amigos leitores, serão a banca examinadora e corretora.
1) Por que o Botafogo goleia o Náutico, vence o Vitória fora de casa e perde para o Ceará, no Rio, e passa sufoco contra times como o Boa Esporte?
Essa não é uma questão simples. Limitado dentro de campo, o Botafogo carrega consigo o respeito e a grandeza de uma das mais belas histórias do futebol mundial. A camisa, ao mesmo tempo em que intimida, motiva o adversário. Todos jogam a vida contra um dos 12 maiores clubes de todos os tempos (FIFA). E ainda aumenta o peso da responsabilidade dos jogadores alvinegros, que repito, são limitados. A exceção é Jéfferson.
2) Ainda no contexto da questão 1. A resposta anterior serve como justificativa para os momentos de dificuldade do clube nessa série B?
Em termos. No entanto, é preciso analisar essa questão em um contexto mais amplo. Em dificuldades financeiras, o Botafogo montou o planejamento com o único e exclusivo objetivo de retornar ao devido lugar, a série A do Campeonato Brasileiro. E vem cumprindo essa missão, mesmo sem empolgar e conseguir credibilidade junto ao torcedor.
3) Sobre o fato de não empolgar: essa seria a principal justificativa para o público abaixo do que a grandeza do Botafogo sugere?
Absolutamente não. Contribui, mas não explica. As razões de o botafoguense não comparecer ao estádio como deveria são múltiplas e complexas. Não vou citar a má vontade na escolha de datas e horários dos jogos. O Vasco teve horários muito melhores e público semelhante na série B de 2014, que só melhorou na reta final, especialmente nos jogos realizados no Maracanã. Não vi ninguém citar isso. Tudo começa pelo cenário político conturbado. Não existe união dentro do Botafogo, e sim, uma eterna briga por poder. Como consequência, temos times fracos e um longo tempo sem um título nacional. Analisar é sempre muito mais difícil do que apenas jogar no ventilador.
4) Houve a reclamação do vice presidente de Comunicação do Botafogo sobre o comparecimento da torcida. Como você avalia?
É o que a parte podre da mídia, que só privilegia um clube no Rio quer ler. Quantas matérias surgiram a partir da declaração dele? Todas criticando a torcida. Quem vai ao Nilton Santos sabe que não é bem assim. São muitas as razões que afastaram nossa torcida dos estádios, pelo menos no sentido que a nossa grandeza sugere. São anos sem títulos de expressão, enquanto todos os nossos rivais beliscaram alguma coisa. Há outras razões também. É complexa a análise. Contra o Paysandú, que lotamos o Niltão, presenciei a dificuldade na retirada dos ingressos comprados pela internet. Quem é de sofá e vai num jogo desse demora a voltar. Os públicos baixos e seus porquês merecem uma análise e discussão mais ampla. E a título de comparação: tenho absoluta certeza que o Botafogo, numa semifinal de Copa do Brasil, colocaria pelo menos 50 mil no Maracanã. O nosso rival colocou 35, sendo pelo menos de 5 a 7 palmeirenses. Algum diretor deles se manifestou? Sim. O clube veio a público agradecer. O que é interno precisa ser discutido dentro do clube.
5) Justifique a resposta da questão 4.
Poderia citar diversos exemplos. No entanto, utilizarei o ranking de venda de camisas da maior rede de lojas de material esportivo do país. O Botafogo é o clube que mais vendeu em outubro até o dia 25 no estado do Rio de Janeiro. É o quarto em todo o país. Somos líderes de vendas também no Maranhão. E o manto é bem comercializado também nos estados Minas Gerais, Espírito Santo, Distrito Federal e no Nordeste. Tudo isso em um dos momentos mais difíceis da história do clube. A fidelidade é impressionante, apaixonante e envolvente. Quando uma diretoria perceber e aplicar na prática, de fato, a verdadeira força que o Botafogo possui o clube voltará a ser o verdadeiro Botafogo, o Glorioso de verdade.
6) Especificamente sobre o jogo contra o Náutico. Elabore uma pequena análise crítica.
O Botafogo jogou como Botafogo. Não deu espetáculo técnico porque as limitações são evidentes. Mas se impôs. Taticamente e também tecnicamente esteve numa tarde inspirada. Especialmente Sassá, autor de três gols. É preciso destacar ainda Daniel Carvalho, Arão, Luis Ricardo e todo o sistema defensivo. Jéfferson nem precisou trabalhar e Navarro poupou o faro de artilheiro, funcionando apenas como garçom. Até mesmo Camacho fez boa partida. Lindoso e Carleto destoaram um pouco. O primeiro errou muitos passes, e o segundo, segue com a tradicional dificuldade para marcar. Li durante todos os dias que antecederam a partida que o Náutico era ótimo mandante, e que estava invicto em casa. Esqueceram de citar que faltava enfrentar o Mais Tradicional do Brasil.
7) Falta pouco para terminar a temporada e o Campeonato Brasileiro da Série B. Qual sentimento vai predominar nos corações alvinegros depois de um ano tão complicado?
Essa é a mais simples resposta de toda a prova. O botafoguense, que desde 1904 é o torcedor mais apaixonado do Brasil, terá esse sentimento triplicado. As dificuldades unem, envolvem, transformam. Ao retornar para a série A, o Botafogo concluirá uma importante etapa de reconstrução. E ainda tiveram pessoas da mídia que duvidaram disso. Especularam o fim do Botafogo, questionaram o futuro do clube. Preparem-se para escrever ou falar, não sobre o que gostariam, mas sim a respeito do retorno de um Gigante.
Assino o final do teste e aguardo a avaliação. Antes do resultado oficial do Enem, com a divulgação das notas e dos aprovados, a nossa “prova” na série B já terá sido concluído. E com nota 10.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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