O Botafogo e a capacidade de reinvenção

segunda-feira, 06 de julho de 2015

Confesso que aos 25 anos de idade eu já provei de variadas sensações com o futebol. Especificamente com o Botafogo. Já sento vontade de sorrir, chorar, gritar, me afastar ou aproximar. Mas nunca de abandonar. O sentimento apenas cresce, movido exatamente por uma capacidade incrível de reinvenção, mesmo quando nós torcedores achamos que o clube chegou ao fundo do poço. Jamais. Há uma espécie de “corda”, por onde parecemos puxar, com todas as forças, até o momento em que saímos da escuridão e enxergamos novamente o horizonte. A apaixonante e intrigante Fênix Botafogo escreve mais um desses capítulos em 2015.

Depois do rebaixamento, era impossível imaginar outro cenário não fosse o de dificuldades, incertezas e novas decepções. Quatro meses foram suficientes para mostrar ao mundo inteiro que essa Estrela tem brilho próprio, não se apaga jamais – nem mesmo em tempo de crise energética, ou melhor, financeira. Disso até nós, botafoguenses, duvidamos em algumas situações. Mas é bom que aprendamos que jamais conheceremos o fundo desse poço.

Escrevo sobre esse assunto para exaltar certo jovem de 17 anos. Assim como um “tal” de Garrincha, foi dispensado do maior rival, e por uma obra Divina, vestiu o manto sagrado alvinegro. Quando pisou pela primeira vez no estádio Nilton Santos como profissional, Luis Henrique deve ter agradecido ao destino. Mesmo em um momento difícil de nossa história, o garoto sentiu o que é jogar em um estádio com nome místico, ao lado de uma torcida que desde 1904 jamais abandonou a equipe. Sentiu sim, mas não pesou. Primeira finalização e... Gol! Segundo chute... E mais um gol! Na terceira tentativa, quase marcou novamente. A torcida pediu para que cobrasse um dos dois pênaltis. Mas pra que ? Deixa o garoto sem essa responsabilidade por enquanto. Foi perfeito da maneira como aconteceu. O destino, que fora tão bondoso ao livrá-lo da conveniência e encaminhá-lo para General Severiano, poderia ter-lhe pregado uma peça nessas cobranças. Pimpão e Carleto apenas abrilhantaram a noite de Luis Henrique.

É cedo ainda para qualquer tipo de previsão. E pode ser prejudicial qualquer tipo de supervalorização. Mas não dá pra negar que empolga. A personalidade, o senso de colocação e a precisão para finalizar. O time ainda precisa de ajustes, principalmente no setor defensivo. Desde a saída de Marcelo Mattos, a marcação no meio-campo desencaixou e até mesmo Pimentinha é capaz de assustar o torcedor alvinegro. Sorte que toda a fumaça que ele faz fica longe de se transformar em fogo. Aliás, Fogo só existe um. Uma chama interminável, capaz de queimar os pés de Douglas, atacante do Sampaio Correa, que desperdiçou algumas boas oportunidades. Roger Carvalho não voltou bem de contusão. Talvez, com a sequência de jogos melhore..

Apenas detalhes nessa nova caminhada de renascimento da Fênix Botafogo. Agora, reforçada pela empolgação do garoto Luis Henrique. Sangue novo para uma nova fase. A bem da verdade, a única boa herança deixada pelo dentista e os amigos da praia: a base. Voltamos a disputar títulos e revelar talentos. O alvinegro e o Brasil, que sempre se beneficiou do nosso caráter renovador, agradecem. Que você se reinvente mais uma vez e rápido, Botafogo! 

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